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Amor a gente tem como dar de graça e não custa nada, diz avó que já acolheu várias crianças

Foto: Divulgação PMJS

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

27/08/2021 - 13:08 - Atualizada em: 27/08/2021 - 13:37

Em Jaraguá do Sul, o Serviço “Famílias Acolhedoras” da Secretaria Municipal da Assistência Social e Habitação é hoje referência nacional no atendimento de crianças e adolescentes em vulnerabilidade social, afastados de suas famílias, por decisão judicial e encaminhados a outros grupos familiares até que sejam reintegrados à família original ou direcionados para adoção. Iniciativa levou os profissionais envolvidos a compartilhar sua experiência com outros municípios do Estado e do Brasil.

A modalidade de acolhimento familiar é fortemente utilizada em países como a Inglaterra, França, Espanha, Estados Unidos, Canadá, entre outros, assegurando que a criança tenha o direito à convivência familiar, comunitária e respeito à sua individualidade.

“É hoje um serviço porque nele tanto a criança como o adolescente têm a oportunidade de ressignificar sua história de vida e suas relações, de ter um novo modelo de família. Para isso é essencial um ambiente acolhedor onde as suas demandas são tratadas de forma individual”, explicou a pedagoga e coordenadora do Abrigo Institucional Mônica Maria Franzener Lescowicz e do Serviço de Acolhimento em Famílias Acolhedoras, Francineide Maria dos Santos Victor.

Ela ainda acrescenta que o perfil dos assistidos são crianças e adolescentes que foram vítimas de violência e negligência dentro da família.

“Eles precisam ter um novo modelo de família e expandir suas relações. E isso só é possível estando inserido uma nova família”.

Critérios

Para se tornar uma família acolhedora é necessário ser maior de 21 anos, sem restrição de gênero e estado civil e que não façam parte do Cadastro Nacional de Adoção, residentes em Jaraguá do Sul.

“Pessoas dispostas a oferecer cuidados, proteção e afeto à criança ou adolescente acolhido”, explica Francineide.

Pessoas como Silvana Ribeiro Lima Máximo, que ao lado do marido, João Máximo, se tornaram um dos casais a integrar o Famílias Acolhedoras em Jaraguá do Sul. Apesar de já serem avós, ambos resolveram participar do Serviço.

Foto: Divulgação PMJS

“Eu sempre ouvia falar de abrigos (para crianças) e tinha essa curiosidade de saber como funciona. Naquela época eu conversei com uma menina (assistente social) lá do abrigo. Aquilo mexeu comigo e depois vi um cartaz convidando para ser uma família acolhedora. Aí falei para o meu marido: ‘eu vou ligar para ver se funciona’.”, diz Silvana.

Desde aquela ligação, muitas crianças e adolescentes encaminhados passaram pelo lar da família Máximo. Atualmente, ambos acolhem uma menina de aproximadamente cinco anos.

“Tem pessoas que me perguntam se eu não tenho amor já que depois de um tempo essas crianças deixam o nosso convívio. Eu respondo que amor tenho até demais. Que estou me doando sem pensar no retorno. Não que não tenha, porque você tem amor e o carinho deles. Você vê uma criança que chega na tua casa triste, desamparada e a única coisa que ela quer é amor. Isto a gente tem como dar de graça. Não custa nada”, disse Silvana.

A mesma ideia tem o jovem casal Hugo Carlos Ferreira da Silva e Daniele Cristina Silva dos Santos. Há aproximadamente dois anos, ela viu um outdoor do programa quando levava seu filho na creche. Apesar da relutância inicial de Hugo, ambos resolveram ligar para a Secretaria de Assistência Social para obter mais informações do serviço.

Foto: Divulgação PMJS

“A princípio imaginei que fosse para pegar uma criança no abrigo e dar um dia de lazer. Ligamos e as meninas do Social nos convidaram para conhecerem o programa. Havíamos chegado a Jaraguá há pouco tempo vindos de Belém do Pará e o que nos motivou de fato foi que além de ser uma companhia para nosso filho, também sermos companhia para esta criança. E quando vimos como isso funcionava foi algo que mexeu muito comigo”, disse Hugo.

No dia 25 de agosto de 2019, eles receberam a primeira criança. A dona de casa explica que houve mudanças na rotina familiar a partir desse momento.

“Na realidade, vai muito além de apenas ajudar. Você doa tempo em troca ganha amor deles. É uma transformação de vida não só para estas crianças num tempo curto, mas da gente também como família.”, avaliou.

“Acolher é amor, é ensinar respeito, é passar princípios. Dar uma base que eles não tiveram”, declarou Daniele.

Foto: Divulgação PMJS

Apego

Atualmente, nove famílias estão cadastradas para este serviço pela Secretaria de Assistência Social, destas, quatro estão acolhendo. O trabalho recebe suporte de uma equipe técnica da pasta, formada por profissionais de Serviço Social e Psicologia. Mesmo durante a pandemia, o trabalho continuou.

“Tanto é que este ano tivemos mais de 15 crianças que passaram pelo serviço. Entre essas, nós tivemos seis crianças que foram encaminhadas para famílias substitutas, ou seja adoção. Nossa ideia é cadastrar mais famílias para termos mais opções de encaminhamentos para essas crianças”, completou a coordenadora.

Francineide acrescentou que o apego dessas famílias com as crianças e adolescentes é essencial para a formação do vínculo e da relação que se estabelece entre eles. Este vínculo é imprescindível para que o encaminhamento para uma família substituta ou retorno a família de origem aconteça de forma saudável.

“O psiquiatra e psicanalista John Bowlby (1907 – 1990) acreditava que a saúde mental e os problemas de comportamento podiam ser atribuídos à primeira infância, criou ateoria do apego que sugere que as crianças vêm ao mundo biologicamente pré-programadas para formar vínculos com os demais, já que isso as ajudará a sobreviver, sendo observado que a criança tem uma necessidade inata de se unir a um cuidador principal como figura de apego”, citou a coordenadora do serviço.

“Desta forma, o acolhimento em famílias acolhedoras possibilita que a criança tenha uma figura principal de cuidado e tenha suas necessidades e individualidades atendidas e respeitadas, vivenciando o espaço familiar e se inserindo na comunidade através desses papéis familiares, o que não é possível na instituição.”

Mudança de perfil

A maioria das família apresentam perfil para acolher crianças pequenas, mas quando percebem o ajuda que a equipe técnica oferece, eles acabam por acolher também adolescentes. Fato que tem trazido um diferencial de outros municípios que enfrentam dificuldades no acolhimento crianças maiores.

COMO PARTICIPAR

Entre em contato com a equipe técnica do Serviço de Acolhimento em Famílias Acolhedoras por meio dos telefones (47) 3370-5404 (WhatsApp) (47) 3370-8981 ou pelo e-mail [email protected] e obtenha mais informações.

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Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).