Uma mulher de Florianópolis decidiu ser a barriga solidária e carregar a própria neta no ventre. Na quinta-feira (19), Rosicléia de Abreu Carlsem, de 53 anos, deu à luz a neta, Maria Clara.
Em 2014, a filha de Rosicléia, Ingrid Carlsem, de 29 anos, teve uma embolia pulmonar e uma trombose venosa profunda e, por isso, os médicos desaconselharam a gravidez da jovem, alertando que corria risco de vida. Então, após o diagnóstico, a mãe de Ingrid resolveu gerar a própria neta pelo método de fertilização in vitro.
“Eu acredito que a palavra mais próxima de tudo é gratidão. Essa [neta] será mimada da mesma forma, com o diferencial de que ela saiu da mesma barriga que um dia já saiu a mãe dela”, disse Rosicléia.
A pequena Maria Clara nasceu com 37 semanas por volta das 11h, com 49 centímetros de altura e pesando 3,310 quilogramas. Ingrid e o companheiro Fabiano Chaves estiveram presentes no nascimento da filha.
“Maria Clara vai além do meu sonho, da minha expectativa e do meu projeto. Não tem como mensurar o tamanho da alegria, da emoção, da gratidão e do amor”, disse Ingrid.
“Barriga solidária” é um dos tratamentos que a medicina atual permite a mulheres que não conseguem ou não podem engravidar por problemas de saúde. A prática só é permitida quando não há nenhum lucro envolvido.
O procedimento custou cerca de R$ 35 mil, para arrecadar esse valor a família fez uma vaquinha virtual e vendeu máscaras e panos de prato. Mãe e filha também receberam doações do hospital que coletou os óvulos e da clínica que fez a fertilização.
“É um sonho que está sendo realizado. É um amor que não tem palavra. Desde o nascimento, é como todo mundo diz: só sendo pai pra ver no momento, para poder descrever”, concluiu o pai, Fabiano Chaves.
Decisão
Antes mesmo de Ingrid descobrir que não poderia ter filhos, as duas já haviam conversado sobre a possibilidade de uma ser barriga solidária da outra.
Após assistir uma reportagem, que mostrava a história de uma sogra que gerou a neta para a nora, Ingrid questionou Rosicléia: “mãe, você faria isso por mim se um dia eu precisasse?”. A resposta foi: “claro que sim!”.
Quando as sequelas da doença apareceram, Rosicléia contou que, mesmo recebendo diversas críticas, não teve dúvidas em realizar o desejo da filha.
“Ter um filho, para Ingrid, foi a realização de um sonho de uma menina, que lutou muito, superou a morte, e hoje é uma mulher, uma mãe que com certeza dará tudo de si para que Maria Clara seja muito feliz e amada”, disse a avô.
A bebê recebeu o nome em homenagem materna à avó e à bisavó, que se chamavam Maria. Já o segundo nome, Clara, veio por ser luz à toda a família.
“O gesto da minha mãe foi de grandeza, de uma mulher nobre, talvez mesmo eu tentando mencionar ou descrever em palavras, jamais conseguirei especificar o quão valiosa ela é para mim”, conclui Ingrid.
*Com informações de G1.