Dirigir por 1,2 mil quilômetros com curtos períodos de descanso já é, naturalmente, desgastante. Agora imagine encarar esse percurso sobre uma bicicleta, enfrentando diferentes condições climáticas.
Pois este será o desafio que o jaraguaense Rodrigo Hacke decidiu fazer no tradicional Paris-Brest-Paris (PBP), o evento de ciclismo de estrada com regularidade mais antigo do mundo.
Serão 6.668 pessoas de 66 países na prova, que inicia no próximo domingo (18) e se estende até o dia 22 de agosto.
Não se trata de vencer um ao outro, já que não há pódio no circuito organizado a cada quatro anos pelo Audax Clube Parisien. O desafio de Hacke, de 31 anos, consiste na superação pessoal.
Para participar, foi preciso concluir quatro provas do Audax no Brasil, compostas por 200km, 300km, 400km e 600km.
Com os pré-requisitos atingidos e um estudo aprofundado sobre o Audax, o consultor traçou a meta de chegar a condecoração Randonneus 10000, uma recompensa da organização aos atletas que percorrem distâncias de 10 mil quilômetros.
Para isso, a conclusão do PBP é uma das regras impostas para alcançar tal feito. “Estou me programando há algum tempo e evoluí cada vez mais nos treinos para cumprir com este objetivo”, declara Heck.
Com uma preparação intensa desde o ano passado, o jaraguaense está ciente das dificuldades que irá encontrar durante o percurso.
Além da longa distância, as montanhas no caminho e mudanças da temperatura na região francesa, que vem atingindo 40 graus durante o dia e de 5 a 10 graus à noite, são outros percalços.
Porém, nada que abale a confiança do ciclista que espera finalizar o trajeto entre 75h a 80h – tempo limite é de 90h -, convicto de que todo sacrifício até então tenha um final recompensado. Sobretudo, por ser o único representante de Jaraguá do Sul no evento.
“Após um bom tempo de treino e superação estou conseguindo levar o nome de Jaraguá do Sul para fora do país É uma satisfação e felicidade muito grande em representar a cidade numa prova mundial”, destaca.
História no pedal
Apaixonado por ciclismo desde criança, Rodrigo Hacke começou a assistir provas de mountain bike na adolescência, enquanto admirava as bikes dos competidores. Na época, o pedal ainda era um hobby em sua vida, tanto que deixou de andar sobre duas rodas entre os 17 e 27 anos.
Mas em 2015, voltou a comprar uma bicicleta e após emergir em um grupo de pedal, duas vezes por semana, resolveu participar da Volta de São Francisco a convite de um amigo. A partir daí, não parou mais.
Criando metas pessoais e evoluindo nos treinamentos, com uma média de 200km percorridos por semana, o jaraguaense foi acumulando prova atrás da prova.
A mais marcante, segundo ele, aconteceu em 2018, no Audax Floripa 1000, com rota de ida e volta, entre a capital catarinense e a cidade gaúcha de Gramado.
Durante o percurso, ele sofreu com fortes dores nos joelhos, mas teve persistência para concluir a prova, faltando 30 minutos para o fim do tempo limite. Uma experiência única, que ainda serviu de aprendizado para o Paris-Brest-Paris.
“Depois da lesão no Audax 1000 percebi que precisava fortalecer alguns membros do corpo. Desde aquele episódio venho praticando atividades em academia e aulas de pilates para melhorar. Tive um ganho enorme fisicamente e estou mais preparado para esse novo desafio”, comenta Hacke, que já desembarcou na capital francesa.
Realizado pela primeira vez em 1891, o Paris-Brest-Paris tem sua largada no sudoeste da capital francesa e percorre 600km rumo ao oeste até chegar a cidade portuária de Brest, com retorno pela mesma rota. O Brasil terá 134 representantes, sendo 12 de Santa Catarina.
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