Com grandes histórias atreladas ao esporte, a trajetória da jaraguaense Isabeli Vieira Lourenço, de 28 anos, renderia um emocionante filme. O roteiro que permeia sua batalha pela vida teve capítulos dramáticos e de muita tensão. Porém, com um final feliz.
Portadora da síndrome de Wolff-Parkinson-White (arritmia cardíaca que causa batimentos acelerados), a fisioterapeuta chegou a ter o coração batendo apenas um quarto do que deveria e sofria com o risco de morte súbita constantemente, em 2017.
Ciclista, corredora, surfista e velejadora desde pequena, já não tinha forças para fazer o que mais amava e lutava com a resistência física. Mas após cinco meses na fila do transplante, surgiu um coração compatível para abençoá-la com uma nova chance.
Passado um ano da cirurgia, a árdua batalha vivida por Isabeli serviu de inspiração para atleta voltar a competir e traçar novos planos em sua carreira.
A volta a rotina de treinos foi feita gradualmente e exigiu muita paciência, é bem verdade. Tudo começou com caminhadas leves e sessões de fisioterapia diárias.
Com o tempo, houve avanço nas atividades, complementadas com academia, pedaladas, trotes de corrida, natação e surfe.
Hoje, com o trauma completamente superado, a jaraguaense está realizada ao praticar seus esportes preferidos, voltar a atuar na área de fisioterapia, além de fazer dança de salão e bodypump.
“Foi um ano de redescobertas. É como se eu sentisse tudo pela primeira vez. Antes haviam muitas limitações, e, agora, posso tudo”, conta.
Isabeli também decidiu usar esses 12 meses de “vida nova” para ingressar em competições. Como mais uma forma de superar seus limites, ela começou participando de uma caminhada de 5km, em Schroeder.
Depois, esteve em uma regata de vela, em Penha, nas baterias de natação do Fast Triathlon de revezamento, em Jaraguá, e, por último, correu os 5km da Jaraguá Night Race, realizado há uma semana.
Como se não bastasse, a história de superação renderá um livro. Com o objetivo de incentivar pessoas transplantadas ou não, Isabeli escreverá sobre a experiência passada antes e depois da doença, a importância e valor da vida.
“Quero incentivar as pessoas a levarem uma vida mais leve, sem tanta ansiedade e estresse. Viver o presente. Gostaria que todos que tem saúde pudessem sentir e valorizar, pois ela é um baita de um presente de Deus”, destaca.
Sonhos no esporte
Readaptada as competições, Isabeli focará seus compromissos da temporada em provas de corrida e natação. A próxima, inclusive, será a Corrida de 100 anos do OPC, marcada para o dia 26 de maio.
Mas se tudo ocorrer como previsto, o principal objetivo será a primeira Olimpíada Brasileira de Transplantados, que está sendo organizada pela Associação Brasileira de Transplantados (ABTX).
Já a longo prazo, a jaraguaense carrega como grande sonho a participação nos Jogos Mundiais e Latino Americanos para Transplantados, sediado na Argentina em 2018 e programado para Londres, na Inglaterra, nesta temporada.
“Essas são minhas metas. E claro, quero surfar e velejar muito. Executar meu hobby com todo prazer e facilidade do mundo”, declara.
Apoios dentro e fora de casa
Para ter mais fôlego e energia nos treinos e provas, Isabeli não abre mão de uma alimentação saudável. Para um transplantado, os cuidados a serem tomados devem ser ainda maiores. Costumeiramente, as alimentações são feitas em casa, com comidas cozidas ou assadas.
“A imunidade do transplantado sempre vai ser mais baixa, sendo necessário evitar infeções e contaminações”, relata.
E para ajudar nesse processo, aliado a saúde, a atleta conta com apoio de inúmeras pessoas. Segundo ela, o marido, família, terapeutas, educadores físicos, psicólogos, equipe médica, técnicos e amigos foram fundamentais antes, durante e depois do transplante.
Além de receber apoio, Isabeli também passa esperança e dá dicas a pessoas que estão passando pelo mesmo problema, através do seu facebook (Coração a bordo) e Instagram (@coracaoabordo_isabeli).
“Muitos me veem como exemplo e buscam força para aguardar o órgão, e isso me dá mais força ainda de seguir”, finaliza.
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