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Trabalhar na aposentadoria impacta positivamente a saúde mental dos idosos

Foto: Freepik

Por: Priscila Horvat

11/03/2025 - 11:03 - Atualizada em: 11/03/2025 - 11:36

Com o envelhecimento da população brasileira, cada vez mais idosos permanecem ativos no mercado de trabalho, contribuindo não só para a economia, mas também para o seu próprio bem-estar. A permanência no ambiente profissional tem sido marcada como uma via importante para garantir qualidade de vida, independência financeira e manutenção da saúde mental.

Em 2024, a Serasa, em parceria com o Instituto Opinion Box, divulgou uma pesquisa sobre o comportamento financeiro dos idosos aposentados. Entre os resultados, 6 em cada 10 entrevistados revelaram não conseguir manter o padrão de vida que tinham antes da aposentadoria. Além disso, 60% deste grupo continuam trabalhando mesmo após a aposentadoria, por precisarem complementar a renda e manter um estilo de vida ativo.

Benefícios do trabalho para a saúde mental

De acordo com a psicanalista Rachel Poubel, especialista em desenvolvimento profissional, a continuidade no mercado de trabalho pode ser extremamente benéfica para a saúde mental dos idosos.

“O senso de utilidade permeia a vida de uma pessoa sempre. A saúde emocional de um idoso é muito melhor se ele se sente útil, ou seja, uma tarefa profissional vai desenvolver autoestima e bem-estar nele. Geralmente o idoso tem mais paciência, é muito colaborativo, e sabe a importância de se sentir bem no trabalho. Isso é benéfico tanto para a empresa quanto para ele”, destaca a especialista.

A profissional acrescenta que a conexão social e a interação com colegas de trabalho são fatores importantes para a manutenção da autoestima, promovendo um sentimento de pertencimento.

“A vida ativa do idoso no mercado de trabalho tem um impacto direto e positivo na sua vida social. Quando um idoso continua atuando profissionalmente, ele mantém uma rede de contatos ativa, interage com diferentes gerações e evita o isolamento social, um dos grandes desafios dessa fase da vida”.

Além disso, completa Rachel, “o trabalho proporciona um senso de propósito, autoestima e pertencimento, fatores que contribuem para a saúde mental e emocional. Profissionalmente ativo, o idoso também se mantém atualizado, troca experiências e pode até se envolver em mentorias, fortalecendo laços interpessoais e gerando impacto positivo na comunidade”.

O engenheiro clínico Hélio Carolino de Sá, de 65 anos, é um exemplo de que trabalhar na terceira idade pode trazer muitos benefícios. Aposentado há 10 anos, ele optou por continuar exercendo a profissão.

“Eu gosto de estar ativo e me ocupar naquilo que gosto de fazer. Trabalhar faz bem tanto para a mente, quanto para a alma e o espírito. Vou continuar trabalhando enquanto eu tiver força física e mental”, afirma.

Cuidados com a saúde física

Embora o trabalho possa trazer benefícios mentais, também é importante avaliar as questões físicas envolvidas. Com o envelhecimento, o corpo naturalmente requer mais cuidados, e nem todas as funções profissionais podem ser exercidas sem adaptações. A especialista reforça a importância de ajustar as rotinas de trabalho à realidade física dos idosos.

“É essencial que os idosos, ao continuarem no mercado de trabalho, tenham um ambiente seguro e adaptado às suas necessidades, que respeite suas limitações físicas. A empresa precisa entender que as necessidades de uma pessoa idosa são diferentes de uma pessoa mais jovem e com isso favorecer adaptações necessárias a cada tipo de atividade.”, frisa a psicanalista.

O desafio com o preconceito etário

Outro ponto importante destacado por Rachel Poubel é o preconceito etário no ambiente de trabalho, porém, devido à dificuldade de encontrar bons profissionais mais jovens, os idosos estão sendo contratados para suprir essa necessidade.

“Muitos idosos estão retornando ao mercado de trabalho, mas não porque as empresas querem, e sim porque estamos tendo uma deficiência gigantesca de mão-de-obra. Com isso a inclusão está sendo mais facilitada também. O preconceito é combatido com a contratação desses idosos. Uma vez que uma pessoa está no ambiente de trabalho, a convivência flui. A maior dificuldade não é a convivência, é a contratação dessas pessoas mais velhas”, pontua.

Independência financeira

Além dos benefícios mentais e sociais, para muitos idosos o trabalho é uma questão de independência financeira. Com o aumento da expectativa de vida e, muitas vezes, uma aposentadoria insuficiente para cobrir despesas, manter-se no mercado se torna uma necessidade.

É o caso do motorista Marcos Antônio do Santos, de 67 anos. Com o orçamento apertado, precisou retornar à profissão em menos de um ano após conquistar o benefício.

“Me aposentei há cinco anos, mas logo percebi que o valor da aposentadoria não seria suficiente para cobrir todas as despesas da minha casa. O custo com medicamentos, alimentação e as contas fixas é muito alto. Além disso, tenho filhos que ainda precisam do meu apoio financeiro. Voltar ao mercado de trabalho não foi uma escolha fácil, mas foi necessário. Continuar trabalhando tem me ajudado a manter a dignidade e a proporcionar uma vida um pouco mais estável para minha família, mesmo que, às vezes, o cansaço físico e emocional sejam grandes”, relata.

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Priscila Horvat

Jornalista especializada em conteúdo de saúde e puericultura.