Origem do coronavírus está na degradação da natureza, afirmam cientistas

Pássaros colocados em caixa para serem vendidos

Tráfico de animais é uma das mazelas apontadas por cientistas | Foto Reprodução/Prefeitura de Jacundá

Por: Elissandro Sutil

08/05/2020 - 14:05 - Atualizada em: 08/05/2020 - 14:45

Resumo da notícia

  • Especialistas relacionam doenças infecciosas e a interferência humana desordenada no meio ambiente
  • Países precisam investir em políticas públicas de proteção de áreas ambientais e contenção do tráfico ilegal de animais silvestres
  • O pangolim, que pode ter sido o vetor de transmissão do coronavírus para humanos, é o mamífero mais traficado do mundo.

 

Em meio a tantas discussões decorrentes da pandemia provocada pelo novo coronavírus (Covid-19), cientistas alertam que a razão para o surgimento desta e de outras doenças infecciosas está, em grande parte, na interferência humana na natureza, de forma desordenada.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 61% dos organismos causadores de doenças em seres humanos são transmitidos a partir de animais.

Além da Covid-19, a Aids, a H1N1, a Sars, a Mers e o Ebola são outros exemplos de zoonoses. No Brasil, o caso mais famoso é o vírus da Zika, que causou um surto no país em 2018.

“Há uma forte ligação entre a degradação do meio ambiente e a proliferação de zoonoses”, explica a pesquisadora Leide Takahashi, gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).

 

 

Segundo ela, o desmatamento das florestas nativas, para fins de mineração ou transformação em grandes áreas de agricultura e pastagens, provoca profundo impacto na fauna, flora e também nos vírus neles abrigados.

“A destruição do equilíbrio natural que mantinha a circulação de vírus em baixa intensidade, modifica as interações entre os animais silvestres e seus próprios patógenos e facilita o estabelecimento de pontes epidemiológicas de animais silvestres para animais e para os homens”, completa.

De acordo com Takahashi, a sociedade precisa compreender rapidamente os efeitos da degradação ambiental no longo prazo.

“A notícia boa é que essa crise nos mostrou, e vem nos mostrando cada vez mais, que a ciência é peça-chave para a prevenção dos nossos maiores problemas.”

Combate à degradação da natureza

Máquina escavando a terra sob fiscalização de dois profissionais

Desmatamento das florestas nativas, para fins de mineração, provoca profundo impacto na fauna, flora e também nos vírus neles abrigados | Foto Reprodução/CNI

A opinião é compartilhada pelo biólogo e cientista Braulio Dias, que é membro da RECN e ex-secretário-executivo da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica.

De acordo com ele, os países precisam aproveitar as diversas pesquisas que foram e têm sido feitas sobre o assunto para investir em políticas públicas de proteção de áreas ambientais e contenção do tráfico ilegal de animais silvestres.

Um estudo publicado no final do ano passado na revista Science revelou que 5.579 tipos de aves terrestres, mamíferos, anfíbios e répteis escamados são comercializados no mundo, o que equivale a 18% de todas as espécies conhecidas.

Transmissão do coronavírus

Pangolim em meio à vegetação

Pangolim é o mamífero mais traficado no mundo, segundo pesquisadores | Foto Reprodução/GreenMe

O pangolim, que pode ter sido o vetor de transmissão do coronavírus para humanos, é o mamífero mais traficado do mundo.

Para Dias, é imprescindível que, além de aumentar a fiscalização em áreas de degradação ambiental, como a Amazônia, os países precisam estabelecer regras e normas adicionais para o funcionamento de mercados que vendem carne animal de origem silvestre, evitando a comercialização de produtos sem inspeção sanitária ou de origem ilegal.

“Esse é o tipo de argumentação que deve ser feita justamente agora, enquanto os impactos da crise ainda estão vivos na mente das pessoas. O custo da prevenção de pandemias é infinitamente menor do que lidar com seus efeitos”, conclui.

 

Fonte: Assessoria de Imprensa

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