Nesta terça-feira (18) foi celebrado o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo. Uma data para lembrar que esse vício passou a ser considerado uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) há mais de meio século.
Um dos principais problemas de saúde pública, a dependência do álcool é uma doença crônica que atinge cerca de 10% da população adulta brasileira.
A curto prazo, o álcool afeta a coordenação, a capacidade de julgamento e o controle emocional. Mas também pode causar danos irreversíveis a longo prazo, como explica a neurocientista Emily Pires.
“Além disso, o consumo excessivo libera dopamina, gerando uma sensação inicial de prazer, porém, ela fica reforçando o comportamento de consumo e isso é o que nos leva a dependência. E quando o consumo é frequente, ocorrem alterações até estruturais e funcionais. Então consequentemente pode prejudicar a memória, as tomadas de decisões, e também aumenta o risco de transtornos como ansiedade e depressão”.
O consumo de álcool chega a causar cerca de 12 mortes por hora no Brasil. A maioria, por doenças cardiovasculares, acidentes e violência.
Segundo dados do IPC Maps, especializado em potencial de consumo brasileiro, em 2024 o setor registrou alta de 8,7% em relação ao ano anterior, passando de R$ 33,4 bilhões a uma movimentação superior a R$ 36,3 bilhões por parte das famílias brasileiras.
Só no Estado de São Paulo, as despesas com bebidas alcoólicas somaram R$ 9,5 bilhões, seguido por Minas Gerais, R$ 3,7 bilhões, e Rio de Janeiro com R$ 3,5 bilhões. Porém, foi o Distrito Federal que, na comparação 2024 x 2023, contabilizou a maior alta — de 27% — nos desembolsos do setor, respondendo pela circulação de R$ 650 milhões. Santa Catarina aparece em quinto lugar no ranking.
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Foto: IPC Maps/Divulgação
Esse problema gera um custo de R$ 18 bilhões ao ano, segundo estimativas da Fiocruz. Mais de R$ 1 bilhão são gastos com hospitalizações e procedimentos ambulatoriais no Sistema Único de Saúde.
De acordo com especialistas da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, existem metodologias para prevenir o álcool, que podem ser apresentadas desde a infância, para crianças e adolescentes.
Entre os tratamentos, os alcoólicos anônimos têm acolhido, há anos, as vítimas da doença, mostrando que não é necessário enfrentar o problema sozinho. A neurocientista Emily Pires também cita a regulação da atividade do cérebro como uma alternativa, por meio de estímulos elétricos.
“Um reforço na motivação e na disciplina tornando o paciente cada vez mais engajado na recuperação. Ela tem sido muito positiva, essa interação com neuro feedback. E é claro sendo acompanhada pelo médico, um psicólogo, outras atividades que ele tenha feito, atividade física. Isso só reforça. É uma força a mais para recuperação desse paciente com essa dependência o alcoolismo.”
O alcoolismo é um problema social e de saúde. Portanto, é uma questão complexa e que precisa ser encarada com seriedade.