No Dia Internacional da Luta Contra a Endometriose, celebrado em 7 de maio, a ginecologista Loreta Canivilo alerta para a necessidade urgente de ampliar o conhecimento sobre a doença, que atinge cerca de 190 milhões de mulheres em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que aproximadamente 7 milhões de mulheres sofram com a condição, muitas delas sem diagnóstico ou tratamento adequado.
A endometriose é uma doença inflamatória crônica em que o tecido semelhante ao endométrio, que normalmente reveste o útero, cresce fora dele, atingindo órgãos como ovários, trompas, bexiga e intestino. Os sintomas mais comuns incluem cólicas menstruais intensas, dor durante a relação sexual, dor pélvica crônica, alterações intestinais e dificuldade para engravidar. No entanto, os sinais costumam ser confundidos com desconfortos menstruais comuns, o que contribui para o atraso no diagnóstico.
“Para a detecção é necessário realizar alguns exames, como o pélvico com toque vaginal e retal, ultrassom, ressonância magnética e laparoscopia”, explica a ginecologista Loreta Canivilo, que ressalta “É fundamental que os profissionais de saúde estejam atentos aos sinais e que as pacientes se sintam acolhidas para relatar suas dores”.
Alguns riscos da endometriose são os ciclos menstruais muito frequentes, menstruações que duram muitos dias e até mesmo menstruar muito cedo.
Causas e tratamentos
As causas da endometriose ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que fatores como a menstruação retrógrada, metaplasia celular e as células-tronco possam estar envolvidas. Embora não tenha cura definitiva, a doença pode ser controlada com acompanhamento médico e tratamentos personalizados, que incluem medicamentos hormonais, analgésicos e, em casos mais graves, cirurgias minimamente invasivas.
“O tratamento precisa ser individualizado. Nem toda mulher com endometriose terá infertilidade, por exemplo. Algumas conseguem viver bem com controle medicamentoso, enquanto outras precisam de cirurgia para ter qualidade de vida”, diz a especialista.
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Além da cirurgia, há opções clínicas eficazes no tratamento da endometriose. Uma das mais indicadas é a gestrinona, hormônio sintético com ação semelhante à testosterona, que apresenta propriedades androgênicas, antiprogestogênicas e antiestrogênicas.
“O uso correto da substância é altamente benéfico, mas quando administrada de forma irresponsável, pode comprometer todo o tratamento clínico”, alerta.
Para mulheres que não podem ou não desejam passar por cirurgia, o implante de gestrinona pode ajudar a reduzir dores e lesões. No entanto, a ginecologista Loreta reforça que cada paciente requer uma abordagem personalizada, que pode incluir anti-inflamatórios e medicamentos que suprimem a atividade ovariana.
“É essencial avaliar hábitos de vida, alimentação, prática de exercícios e planos reprodutivos. A endometriose afeta muito mais do que o corpo, impacta diretamente a qualidade de vida da mulher”, reforça a médica.
Prevenção e conscientização
Ainda não existe uma forma comprovada de prevenir a endometriose, mas o diagnóstico precoce é a melhor forma de evitar complicações mais sérias. A informação é uma das maiores aliadas das mulheres. Campanhas de conscientização buscam dar visibilidade à causa, combater o estigma em torno da dor feminina e estimular a busca por atendimento especializado.
“O mais importante é entender que sentir dor intensa não é normal. Toda mulher merece ser ouvida e cuidada com atenção e respeito. Informação salva vidas e preserva futuros”, conclui Loreta Canivilo.