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Atenção, gestantes: Estresse na gravidez pode afetar o bebê

Foto: Freepik

Por: Priscila Horvat

18/02/2025 - 16:02 - Atualizada em: 18/02/2025 - 16:52

Entre tantas mudanças físicas e emocionais que a gravidez traz, uma dúvida comum entre as mães é: “meu bebê sente quando estou estressada?”. O medo, a sobrecarga emocional e as preocupações com o futuro fazem parte desse período, mas quando o estresse se torna excessivo, pode trazer impactos reais para a gestação.

“O que muitas mães não sabem é que a saúde emocional na gravidez não afeta apenas o bem-estar imediato, mas pode influenciar até mesmo o desenvolvimento do bebê nos primeiros anos de vida”, explica a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline e autora de centenas de estudos sobre saúde mental materna.

Pesquisas conduzidas por Rafaela mostram que 78% das gestantes no terceiro trimestre apresentam sinais significativos de estresse, o que pode aumentar a probabilidade de parto prematuro​.

Além disso, bebês expostos a altos níveis de estresse materno podem ter mais chances de desenvolver dificuldades emocionais e problemas de regulação do sono na infância​.

O bebê sente quando a mãe está estressada?

Sim. De acordo com Rafaela, quando a mãe está estressada, seu corpo libera cortisol, um hormônio que chega ao bebê por meio da placenta.

Esse aumento nos níveis hormonais pode influenciar a formação neurológica e elevar o risco de alterações emocionais na infância.

“É comum as gestantes sentirem culpa ao ouvirem isso, mas a ideia não é gerar mais preocupação, e sim informação. O estresse na gravidez é normal em algum nível, mas é importante reconhecer os sinais e buscar caminhos saudáveis para cuidar do corpo e da mente”, orienta a psicóloga perinatal.

Mas e se a gestante já estiver muito estressada? Qual especialista procurar?

A psicologia perinatal oferece suporte emocional especializado para mulheres durante a gestação, o parto e o pós-parto. Diferente de outras abordagens, essa área da psicologia trata os desafios emocionais específicos desse período e envolve também a rede de apoio da gestante.

“O acompanhamento psicológico perinatal é um espaço seguro para que a mulher compreenda suas emoções e desenvolva estratégias para lidar com a maternidade, sem romantização. Cada gestação é única, e buscar apoio quando necessário pode fazer toda a diferença”, explica Rafaela.

O direito ao acompanhamento psicológico na gravidez agora é garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Lei 14.721, sancionada em 2023, assegura o suporte psicológico gratuito para gestantes e puérperas. Para acessar esse serviço, a gestante pode solicitar informações com seu obstetra ou procurar unidades de saúde que ofereçam atendimento psicológico perinatal.

Além disso, participar de grupos de apoio organizados por instituições de saúde pode ser uma alternativa para quem precisa de acolhimento.

Como identificar os sinais de estresse na gravidez

Preocupações com exames, o parto e a chegada do bebê são naturais, mas se a gestante perceber que os sintomas abaixo estão intensos e frequentes, pode ser um sinal de que a saúde mental precisa de atenção:

  • Dificuldades no sono: insônia ou sensação de cansaço extremo ao acordar;
  • Oscilações emocionais: maior irritabilidade, crises de choro ou dificuldade de controlar a ansiedade;
  • Sensação de exaustão constante: mesmo após o descanso, o corpo continua sem energia;
  • Mudanças no apetite: alimentação desregulada, com episódios de fome excessiva ou falta total de apetite.

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Como reduzir o estresse na gravidez

A boa notícia é que há formas de reduzir os efeitos do estresse e tornar esse período mais leve. Rafaela lista alguns caminhos que podem ajudar nesse processo:

  • Entender que nem tudo sairá como planejado: permitir-se viver a gestação sem cobranças excessivas ajuda a reduzir a ansiedade;
  • Criar uma rede de apoio: ter uma rede de suporte com familiares e amigos impacta diretamente o bem-estar emocional da mãe​;
  • Separar momentos para cuidar de si: pequenas pausas durante o dia e práticas como respiração consciente podem aliviar a tensão;
  • Evitar sobrecarga de informações negativas: reduzir o consumo de conteúdos alarmistas contribui para uma gestação emocionalmente mais equilibrada;
  • Buscar apoio profissional, se necessário: a psicologia perinatal pode ser uma grande aliada para que a gestante compreenda melhor suas emoções e desenvolva estratégias para lidar com os desafios desse período​.

“Quando cuidamos da saúde emocional da gestante, estamos cuidando também do futuro dessa criança. A gravidez é um momento de muitas transformações e, quanto mais suporte a mulher recebe, mais seguro esse período se torna”, finaliza a profissional.

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Priscila Horvat

Jornalista especializada em conteúdo de saúde e puericultura.