Os amigos Fred e Luiz estavam almoçando e celebrando a promoção no trabalho que este último havia recebido. Fred prontamente parabeniza o amigo, mas ironiza:
- Sei como é, amigão, logo essa sua alegria vai passar e você vai estar bem mais estressado e com esse cabelo todo branco!
Luiz sorri e rebate:
- Eu adoro meu trabalho e eles só estão me recompensando pelo meu esforço.
Fred sempre teve uma visão pessimista da vida, não confia muito nas pessoas e acredita que dificilmente mudam (mesmo quando querem), e tem seu comportamento muitas vezes moldado por eventos do passado.
Por outro lado, Luiz é um otimista e determinado por natureza, acreditando que pode fazer qualquer coisa que quiser desde que coloque sua energia e foco nisso.”
Você reconhece algum ‘Fred’ ou ‘Luiz’ a sua volta? Como explicar as diferenças individuais e as diversas formas de se ver e se comportar perante o mundo?
A psicologia tem a pretensão de compreender a complexa rede composta por diferentes visões de mundo e de ser humano observadas em nossa sociedade.
Desde meados do século 19, tem recebido contribuições de diversos pensadores e áreas do conhecimento, na busca pela compreensão das condutas e interações humanas.
O psicanalista Sigmund Freud (1856-1939) descreveu a psiqué humana como reflexo de um conflito interno do indivíduo, movido por ‘forças’ inconscientes, tencionando entre os desejos (ID) e os balizamentos dos preceitos morais (Superego), mediados e ordenados pela estrutura singular manifesta de cada indivíduo (Ego).
Esse Determinismo Intrapsíquico irá moldar o indivíduo desde os primeiros dias de vida, formando assim as características que serão observadas em suas interações sociais e no enfrentamento de situações da vida cotidiana.
Por outro lado, o psicólogo behaviorista B. F. Skinner (1904-1990) rejeitava a possibilidade de se estudar a mente, algo intangível pelo método cientifico. Propôs assim, o estudo do comportamento observável, questionando a influência da mente no comportamento.
Em outras palavras, a subjetividade humana seria apenas uma ilusão, com o comportamento sendo determinado por elementos externos ao indivíduo (contingências), atuando por meio de esquemas de reforçamento, mantendo ou não as respostas às situações experienciadas, ou seja, a conduta humana está organizada a partir de um Determinismo Extrapsíquico.
A influência da psicanálise de Freud e do Behaviorismo de Skinner, atuando como dois polos opostos na compreensão do determinismo psíquico motivou críticas e o consequente surgimento de abordagens interacionistas, influenciadas pela Fenomenologia, tendo como um de seus principais representantes Fritz Perls (1893-1970), um dos criadores da Gestalt-Terapia.
Na sua proposta de psicoterapia, a realidade é formada pela nossa percepção e de como enxergamos nossas experiências, entendendo o mundo e as ações humanas como um ‘encontro’ entre os aspectos internos do indivíduo com as contingências do meio em que vive.
Percebemos, assim, que a psicologia é permeada pela diversidade e liberdade de pensamento em sua essência, como modelos explicativos sendo construídos e ressignificados na medida em que as interações humanas vão se constituindo e aumentando em complexidade.
É essa diversidade que faz com que cada vez mais a figura do psicólogo seja demandada nos mais diferentes espaços e instituições (consultórios, hospitais, escolas, empresas etc.), bem como na colaboração com as diferentes políticas públicas (segurança, planejamento urbano, saúde, educação e assistência social).
Foi pensando nessa diversidade, que foi organizada a I Semana de Psicologia de Jaraguá do Sul, com o tema “Conectando conhecimentos: as várias faces da Psicologia”, a se realizar entre os dias 28 e 30 de agosto, no auditório da Acijs.
O evento está sendo organizado por alunos, professores e psicólogos, com a proposta de dialogar com o público participante sobre as questões que envolvem o ser humano.
Informações sobre a programação e detalhes sobre as inscrições podem ser consultadas nas nossas redes sociais: Instagram e Facebook.
Sobre os autores
Ricardo Paulino dos Santos - aluno do curso de Psicologia.
Prof. Dr. Jeovane G. Faria - coordenador do curso de Psicologia. É Doutor e Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), graduado em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia. É psicólogo da Prefeitura Municipal de Jaraguá do Sul, responsável pelo setor de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde.