Política: conhecer e participar

Foto: divulgação

Por: Antídio Aleixo Lunelli

19/07/2024 - 13:07 - Atualizada em: 19/07/2024 - 15:06

Com as eleições municipais se aproximando e os partidos se organizando, é muito comum que sentimentos fiquem mais evidentes. Isso mesmo, os sentimentos. Hoje em dia, o que vemos refletido nas redes sociais, nos meios de comunicação e nas ruas, quando conversamos com algumas pessoas, é que a política e as escolhas dos nossos governantes se tornaram, muitas vezes, uma questão passional.

E por que isso é prejudicial a todo o sistema político e aos próprios eleitores? Explico. Quando escolhemos com base simplesmente em uma disputa por quem tem razão, lados e posicionamentos, deixamos de lado o conteúdo que realmente importa, que acaba ficando em segundo e terceiro plano: tudo aquilo que é fático, racional, as ideias, o debate saudável pela construção de uma cidade, um estado, um país melhor, as propostas de melhorias, os projetos e o histórico dos concorrentes. Porque falar até papagaio fala. Não é mesmo?

A ausência de uma avaliação racional muitas vezes resulta em um dos maiores prejuízos que se pode ter em uma administração pública: políticos que falam bem, mas estão despreparados, corrupção desenfreada e uma gestão que não prioriza o uso da máquina pública como ferramenta de melhoria da qualidade de vida da sua população.

É difícil pensarmos sobre isso, mas o resultado que vemos é bem simples. Os maiores prejudicados acabam sendo os cidadãos que, tinham em sua mão, o poder de transformar a sua realidade, mas que ao invés de se engajarem em projetos de construção, se deixam levar por disputas sem sentido e por discursos que muitas vezes escondem a realidade.

Para dar um exemplo: em uma empresa, como avaliamos o candidato a uma vaga de liderança: medindo seus resultados, seu histórico, seu comportamento, sua capacidade.

Segundo um levantamento de Cambridge, 80% dos brasileiros estão insatisfeitos com a democracia. Outro dado revelador, divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral: 23% dos brasileiros aptos a votar não compareceram às urnas em 2020.

Precisamos urgentemente reverter esse cenário de desconfiança e distanciamento dos cidadãos do sistema político. Tem muito canalha na política? Muito aproveitador, corrupto? Tem sim. Mas também tem muita gente boa e disposta a contribuir. Por isso mesmo, devemos participar, avaliar com critério nossas escolhas e não ficar só repetindo frases feitas por terceiros.

A participação política, o exercício da democracia, inicia de forma simples em nosso cotidiano: pode ser na associação do bairro, no condomínio, nas associações de pais e professores nas escolas, como voluntários de uma entidade, ou então como filiados a um partido político.

Não importa onde, mas as pessoas precisam começar a se envolver, para quando chegar a época do exercício da expressão maior da democracia, o voto, ele não se veja desconectado da realidade a sua volta. Como eu sempre digo, quem não participa, não se envolve e não escolhe, será governado por um representante daqueles que votaram. A nossa população precisa se posicionar, votar, acompanhar, fiscalizar, cobrar.

O preço de andar com os olhos vendados é um sistema político desconexo da realidade e, muitas vezes, propenso à corrupção, má administração dos recursos públicos e ineficiência dos serviços prestados. E é contra isso que devemos nos posicionar e agir todos os dias, não apenas quando percebemos que os pleitos eleitorais se aproximam.

Se nós cidadãos não queremos pagar a conta de uma administração pública ineficiente, precisamos ser protagonistas do nosso futuro e não apenas meros espectadores no presente. A política precisa de gente disposta a participar e ajudar.

 

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Antídio Aleixo Lunelli

Antídio Aleixo Lunelli é deputado estadual pelo MDB. Fundador do grupo Lunelli, foi prefeito de Jaraguá do Sul.