Algumas discussões sobre possíveis mudanças nas eleições para os cargos no Executivo, como se o voto deve ou não ser obrigatório, coligações, ou nas normas de campanha, podem e devem ser feitas, mas a escolha para prefeitos, governadores e presidente é de simples entendimento, embora o número absurdamente grande de partidos.
Resumindo, o voto vai para pessoa que o eleitor escolheu. Nas eleições proporcionais, nem sempre essa mesma lógica é observada. A confusão e a falta de identidade na escolha aos cargos no Legislativo fazem com que os eleitores sequer lembrem em quem votaram.
Exercer a cidadania, acompanhar e fiscalizar fica praticamente impossível neste contexto. Uma pesquisa do Big Data mostrou que 79% dos eleitores do país não se lembram dos candidatos em que votaram para o Congresso Nacional em 2014. Apenas 15% deles afirmam que acompanham o desempenho dos parlamentares que ajudaram a eleger.
Como consequência ou causa desse desinteresse da população, embora a gente costume citar cinco ou seis políticos
em evidência no mercado da corrupção, são mais de 250 deputados e senadores investigados. Posso estar enganada, mas pela tradição brasileira, muitos deles sequer serão julgados e continuarão desfrutando do poder que
deveria ser da sociedade.
O Correio do Povo vem batendo nessa tecla há algum tempo e penso que é válido destacar sempre que possível,
embora não seja viável aplicar essa solução agora em outubro. O voto distrital para deputados e vereadores é uma
ferramenta capaz de diminuir a crise de representatividade.
Com ele, aumenta o poder de fiscalização do eleitor, que estará mais próximo de seu representante. Além disso, esse modelo diminui os custos de campanha e a negociata que acontece, com indicações políticas que a gente não entende, ou indicações de emendas às vezes questionáveis.
Também permite que o eleitor conheça melhor os candidatos e possa fazer uma escolha mais consciente. Embora essa alteração seja impossível para as eleições de 2018, é preciso pressionar por mudanças mais estruturais
no sistema político.
O que foi feito até agora só favoreceu os caciques dos partidos, por isso, embora a sede do eleitor por renovação, ainda há muita dúvida se esse clamor se transformará em voto inteligente.
E trabalhando com a lógica atual, dentro do contexto que está posto, com as regras eleitorais vigentes, é unanimidade que a região precisa se mobilizar para manter as duas cadeiras na Assembleia Legislativa e para voltar a ter voz no Congresso Nacional, o que não acontece há 20 anos.
Esse não será um trabalho fácil. Para Assembleia Legislativa já são pelo menos dez nomes. Para Câmara Federal
são apenas dois. Mas Carlos Chiodini (PMDB), por exemplo, que já tem um nome bastante conhecido em diversas
regiões do Estado, saiu vitorioso nas duas últimas eleições e foi secretário de Estado, vai precisar de 100 mil a 120 mil votos para se eleger deputado federal.
O jogo precisa ser muito bem jogado. Manter as duas cadeiras de deputado estadual também vai necessitar de
mobilização. Basta lembrar que Vicente Caropreso (PSDB) foi eleito apenas nos 90 minutos do segundo tempo e com a urna que deu problema em Içara, tirando seu concorrente direto.
Somado a isso, o eleitor está bastante descontente e não dá para saber como esse protesto será feito na urna. Em
2014, os votos brancos e nulos para deputado federal somaram mais de 20 mil votos na região, para deputado estadual mais de 13.700.
O último dado que tive do Cartório Eleitoral é que 15.938 eleitores de Jaraguá tiveram o título cancelado
porque não fizeram a biometria. Isso também pode ter um impacto. Esses e outros temas relativos às
eleições de outubro foram debatidos ontem durante a plenária da Associação Empresarial, que tradicionalmente
vem desempenhando um papel de muita relevância.
Em 2018, diante de toda essa crise de representatividade e ética, será preciso intensificar a mobilização e travar
com os eleitores da região um diálogo franco e direto: para quem e para onde vai seu voto?
Chiodini é o entrevistado da série “Politicando”
Entrevistado desta edição do Politicando, que pode ser assistida aqui, o deputado estadual e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Santa Catarina, Carlos Chiodini (PMDB), abriu o jogo.
Disse que uma candidatura à reeleição para Assembleia Legislativa seria mais confortável, de risco menor, porém,
o jaraguaense acredita que ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados será um passo importante na sua trajetória e uma conquista para a região.
Com o fim do prazo para desincompatibilização e agora oficialmente sem Udo Döhler na disputa, o xadrez no PMDB
está sendo jogado por Mauro Mariani e Eduardo Pinho Moreira. Para Chiodini, tanto um quanto outro tem condições de governar Santa Catarina.
Questionado sobre as cenas que antecederam à prisão de Lula, Chiodini respondeu que foi lamentável que o ex-presidente tenha conseguido fazer um comício de quase uma hora com transmissão ao vivo nas emissoras de TV.
Para ele, a dúvida nesse pleito é saber quem terá a capacidade de unificar o país em um projeto de desenvolvimento.
Outra interrogação é sobre a capacidade do pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL) sair do discurso radical e apresentar propostas que possam ser levadas a sério.
Para muitos, o deputado bateu no seu próprio teto. E em tempos de mecanismo e Lava-Jato, o eleitor estará mais
atento à importância da escolha na hora do voto. Chiodini afirma que o PMDB catarinense, por não ter nenhum citado na operação e ter defendido a renúncia da cúpula nacional do partido, não vai sofrer desgaste.
“Quem tem experiência, credibilidade e resultado para mostrar merece ser respeitado”, defendeu.
Acijs abre debate sobre eleições
Presidente da Acijs Anselmo Ramos e o vice Samuel Taranto comandaram plenária ontem com profissionais
da imprensa. Em pauta: eleições 2018 e a necessidade do Vale do Itapocu ao menos manter as duas
cadeiras na Assembleia Legislativa e voltar a ter representatividade na Câmara dos Deputados.