Já pararam para pensar no quanto o sexo parece fazer parte da vida? Os publicitários dizem que sexo vende, e a sexualidade é estampada em peças publicitárias, em filmes, nas histórias que contamos e gostamos de ouvir.
Isso não é uma crítica, é uma constatação que a sexualidade é uma parte presente na vida das pessoas em vários âmbitos. Desde muito antes até de sabermos o que é sexo, já gostamos de histórias que envolvem romance, paixão, sentimentos ou a falta deles, atração e repulsa.
Ter sexualidade faz parte de ser humano. Sexualidade é uma palavra que fala sobre mais do que sexo, mas de como encontramos e sentimos prazer na vida. Assim como podemos ter problemas em vários outros aspectos da vida humana, como o trabalho, o físico, as emoções, podemos ter problemas ou dificuldades com a sexualidade e com o sexo.
Quando falamos em saúde e sexualidade já se imagina que estamos falando de doenças, disfunções, mas a definição real é um tanto diferente. Uma sexualidade saudável é definida como aquela que agrada e satisfaz a pessoa, é vivida com consentimento de todos os envolvidos, vivida com segurança e responsabilidade.
Isso significa que quando falamos em sexualidade saudável, pensar em doenças, disfunções, consequências, tudo isso é importante, mas não basta. É importante estarmos bem informados sobre como podemos nos proteger, e proteger parceiros, de doenças, por exemplo, mas ser portador de uma IST não condena uma pessoa a uma sexualidade ruim, apenas exige adaptações e responsabilidade adicional.
Além da responsabilidade e segurança, é preciso pensar nos demais aspectos: o agradar a si mesmo e ao outro, e a consensualidade. É aprender sobre o que se gosta, o que o outro gosta, a descobrir quais são as suas opções e possibilidades, como o sexo e sexualidade se encaixam na sua vida.
Muitas pessoas esperam que a sexualidade seja natural, de uma forma que não se espera de quase mais nada. Não se espera que uma pessoa que nunca jogou bola saia fazendo gols e acertando passes, jogando entrosado, não é?
Se espera que para ser bom em algo, se aprendam técnicas, posicionamentos, formas de comunicação. Da mesma forma no sexo e na sexualidade, aprendizado e comunicação são importantes para desenvolver um “jogo” melhor.
Quanto ao consentimento, é importante aprender a advogar por si mesmo, saber o que se quer, o que não se quer de forma alguma, e o que… talvez. É importante aprender a comunicar isto, saber pedir o que se quer, e também a dizer não. Aprender a consentir e a negociar.
Sexualidade e sexo fazem parte da vida. Quando há problemas, como qualquer problema, adquirem uma importância maior do que têm quando tudo está bem. Uma vida saudável é uma vida com sexualidade saudável, e para isto é preciso falar de sexo e sexualidade.
Iniciamos hoje esta coluna quinzenal para começar este diálogo.
- Francisco Hertel Maiochi – CRP 12/10098 – Psicólogo clínico formado pela
ACE, pós-graduado em Clínica de Orientação Psicanalítica pela PUC-PR, mestrado em Sexologia pela Universidade Lusófona de Lisboa.