A prolactina é um hormônio secretado normalmente pelo cérebro e que auxilia na amamentação, entretanto, existem situações onde há aumento dos níveis desse hormônio e isto pode interferir na fertilidade da mulher.
Durante o período de amamentação, a prolactina produzida interfere nos hormônios produzidos pelo hipotálamo e hipófise (glândulas dentro do cérebro) e, por sua vez, pode inibir a ovulação.
Por isso que dizemos que a amamentação é um método anticoncepcional, entretanto, ele não é muito eficaz. Por isso algumas mulheres amamentando exclusivamente (primeiros 6 meses de vida do bebê) conseguem engravidar.
Os níveis de prolactina normais são abaixo de 25ng/ml, moderadamente alterado quando entre 25-60ng/ml, e muito alterado quando acima disso.
Os sintomas associados a aumento de prolactina são: ciclos menstruais curtos, longos ou ausentes; saída de leite espontâneo das mamas; subfertilidade; quando há interrupção completa da menstruação por muito tempo pode causar – vagina seca, pouca lubrificação, dor na relação sexual e até osteoporose (baixa densidade mineral óssea – “ossos fracos”); ou nenhum sintoma.
As principais causas de hiperprolactinemia (aumento da prolactina) são:
- Tumores benignos no cérebro chamados prolactinomas;
- Hipotireoidismo (disfunção da tireóide) – 40% dos pacientes com alteração da tireóide vão ter aumento de prolactina;
- Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP);
- Cirrose hepática;
- Insuficiência renal;
- Medicamentos – anticonvulsivantes e anti-depressivos tricíclicos (amitriptilina, etc), inibidores da monoaminoxidase, alguns anti-hipertensivos (remédio de pressão alta), alguns inibidores seletivos da receptação da serotonina (fluoxetina, etc), há controvérsia sobre anticoncepcionais aumentarem os níveis da prolactina também;
- Heroína, cocaína, anfetamina, morfina;
- Lesões irritativas da parede torácica – herpes zoster, queimadura, mastectomia, toracotomia; alguns tumores também podem produzir – teratoma (tumor de ovário), etc;
- SEM causa.
Se a prolactina aumentada for encontrada em uma paciente assintomática ou com SOP – pode ser pedido um exame chamado macroprolactina – isto quer dizer que por mais alterado que esteja a prolactina, ela não vai interferir na vida da paciente e não precisa de tratamento.
Mas se a prolactina estiver aumentada e tem sintomas deve-se fazer exames de laboratório para tireoide, função hormonal para SOP, função renal, função hepática e ressonância magnética de crânio. E em caso de necessidade há como tratar, principalmente com uma medicação chamada cabergolina.
Ah, e a prolactina aumentada interfere na fertilidade masculina também, e faz parte de protocolos de investigação no parceiro.
Na próxima edição, vamos falar sobre a relação dos miomas com a fertilidade. Ficou com dúvidas? Fale com seu médico, e se eu for sua médica, fale comigo. Mais informações no nosso instagram @drajulianabizatto.
Referências Bibliográficas:
- Ginecologia de Williams, 2 ed. 2014
- Propedêutica basal da infertilidade Conjugal. Protocolos Febrasgo. 2018
- A hiperprolactinemia no consultório do ginecologista: como e quando o tratamento medicamentoso é indicado? – Febrasgo 2018