Apesar da nobreza desse ato, enfrentamos no Brasil, um desafio crônico que compromete a eficácia da doação de órgãos para transplantes. Tem aumentado a conscientização sobre a importância dessa prática, mas, ainda existem barreiras significativas que impedem que o país alcance seu pleno potencial nesse campo vital da medicina.
Uma das principais variáveis que dificultam a doação de órgãos é a falta de informação e o consequente preconceito. Muitos brasileiros ainda possuem receios infundados ou crendices insustentáveis sobre o processo de doação, temendo, por exemplo, que o corpo do doador não seja tratado com respeito ou que a retirada de órgãos seja feita antes da confirmação oficial da morte.
Vale salientar que morte encefálica é irreversível. Por isso, é fundamental que campanhas de esclarecimento abordem esses mitos diretamente, mostrando a integridade e o profissionalismo dos processos envolvidos. O consentimento familiar também continua sendo um grande obstáculo.
Mesmo quando um indivíduo manifesta seu desejo de ser doador, a família pode vetar essa decisão no momento crítico. Isso aponta para a necessidade de um diálogo aberto sobre o tema dentro das famílias e entre diferentes grupos sociais, além de uma abordagem legal e ética mais definida que respeite a vontade do doador.
A carência de infraestrutura é outro fator que não pode ser ignorada. Em muitas regiões do país, faltam recursos e equipamentos adequados para a efetiva realização de transplantes. Hospitais e clínicas precisam de melhorias significativas e de pessoal qualificado para gerenciar todo o processo que envolve a doação, desde a identificação de potenciais doadores até a realização dos transplantes.
Então, como reduzir a fila de espera por um órgão que só aumenta a cada ano? Não se vislumbra outro caminho senão investir na educação pública, utilizando todos os meios disponíveis para dissipar mitos, preconceitos e promover a verdade sobre os transplantes. Paralelamente, políticas públicas eficazes devem ser implementadas para expandir a rede de atendimento e melhorar o sistema de saúde, garantindo que cada etapa do processo de doação seja conduzida com a eficiência necessária.
Diante dessa realidade, acaba de ser lançada no Brasil, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), uma campanha nacional, com o objetivo de incentivar e aumentar o número de doadores de órgãos. Inteire-se.