“Como as nossas emoções influenciam os investimentos?”

Texto escrito por Daiane Mohr, CFP®

Quando a gente fala sobre o universo dos investimentos, muitas pessoas encaram este assunto como se fosse algo puramente racional. Números, números e mais números. Mas a verdade é que, dentro deste mundo, existe outro fator importante a ser considerado: a psicologia, com as suas teorias comportamentais. As chamadas heurísticas.

Nosso cérebro é treinado para tomar decisões o tempo todo e uma grande parte delas é feita de forma inconsciente, no modo automático. Ele age dessa forma em 85% das vezes que precisamos decidir algo em um dia. É por isso que escovamos os dentes sempre com a mesma mão ou que, com o passar do tempo, não sentimos mais o peso do relógio que usamos sempre no mesmo
braço.

Quando a razão e a emoção são postas à prova, simultaneamente, em situações que precisamos enfrentar, as heurísticas agem como atalhos mentais, que agilizam e simplificam a percepção das informações que recebemos.

Por isso, algumas vezes, somos induzidos ao erro de percepção, avaliação ou julgamento, pois eles acabam escapando da racionalidade. Quando as emoções não interferem no comportamento, o investidor age de forma racional.

Por exemplo: se investe em uma carteira de renda variável, ele sabe que pode comprar mais ações quando o mercado está em queda e vender quando está em alta.

Tão simples quanto isso. No entanto, isso está longe de ser a realidade dos investidores brasileiros. Muitos acabam fazendo justamente o contrário: vendem quando está caindo e compram quando está subindo. Isso acontece porque o ser humano não está programado para tomar decisões
objetivas e, sim, relativas.

Então é natural usarmos alguns dados como referência e ancorarmos certas decisões baseadas neles. Esse é o viés da ancoragem, que nos torna incapazes de incluir novas informações para análise.

A aversão à perda é uma heurística percebida quando há um descasamento na assimetria de ganhos e perdas. Quando você tem um investimento e ele rende R$ 1 mil em um mês, você sente mais felicidade e menos tristeza, certo? Agora, e se a sua carteira tivesse uma perda de R$ 1 mil? Não sentiria justamente o contrário?

Quando um investidor é perguntado se aceita correr algum “risco” em seus investimentos, ele nunca associa isso à rentabilidade negativa. Logo, correr riscos não é um problema, mas “perder” dinheiro, sim.

E essa assimetria descasada de como perdas e ganhos são sentidos leva a um outro comportamento: o medo de desperdiçar boas oportunidades. Esse sentimento acaba deixando o investidor vulnerável às armadilhas disfarçadas de “oportunidades imperdíveis”.

Uma dica minha: ficar conferindo, diariamente, os investimentos que você fez pensando no longo prazo pode gerar uma ansiedade desnecessária. E isso traz uma consequência ruim: você fica propenso a tomar decisões equivocadas.

É natural que as pessoas busquem informações que possam apoiar as suas crenças iniciais e, com isso, diminuir qualquer informação que as contradiga. Esse comportamento é conhecido como viés de confirmação e o resultado dele é uma visão parcial, um timing errado ou resoluções fora de foco.

Esse viés anda bem próximo com o da autoconfiança excessiva, que promove a busca de informações que apenas alimentam essa confiança. Nesse contexto, perdemos a capacidade de medir o grau de desconhecimento em determinado assunto.

Outro comportamento muito comum é o do efeito manada, que leva o investidor a tomar decisões que consideram apenas o movimento de outras pessoas. “Se todo mundo está indo para a Bolsa, eu vou também”.

Ou seja, ele deixa o racional de lado e faz o que todo mundo está fazendo, sem considerar se aquilo realmente é bom para ele ou não. Viram como a mente é capaz de influenciar até o seu patrimônio? E aqui eu deixo a pergunta: quais comportamentos têm prevalecido nas escolhas dos seus investimentos?

Daiane Mohr, CFP® da Warren – Contato: daiane.mohr@warren.com. | warren.com.br