“O novo normal”

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Por: Raphael Rocha Lopes

15/04/2020 - 15:04 - Atualizada em: 15/04/2020 - 15:43

♫ “Visual do litoral/
Surreal que lindo/
Oi oi oi que bom dançar/
Vem dançar comigo//
Dance e se lance/
[é uma noite de lua]/
Essa é a sua chance/
De ser um superstar, um astro na rua”
(Dali de Salvador, Blitz).

Tudo está muito atribulado e confuso. As inseguranças jurídica e econômica estão assustando, tanto ou mais do que a própria pandemia. Mas é indiscutível que, mais cedo ou mais tarde, tudo voltará ao normal.

Crises, pestes, guerras fazem parte da história humana. Vê-las tão de perto, porém, é diferente. O mundo ficou espantado quando, em 1990, os EUA ocuparam o Kuwait para livrá-lo do ataque iraquiano (a Guerra do Golfo), justamente pela cobertura da mídia, com imagens ao vivo dos bombardeios e do avanço das tropas lideradas pelos americanos. Era a primeira guerra ao vivo na TV.

Novos cenários.

Agora o mundo, com a internet completamente diferente do que era no início dos anos 1990, está novamente impressionado, mas com a guerra contra um inimigo invisível a olho nu. Desde valas coletivas em Nova Iorque até a recuperação de pessoas com mais de 100 anos, tudo se sabe e se vê pela tela do computador ou do smartphone, mais do que pelas telas das televisões.

Nos anos 90, porém, havia confiança nas informações trazidas pelas redes de televisão e pelos jornais. Hoje, paira a desconfiança generalizada sobre as grandes corporações, muitas vezes calcadas em distorções e fake news espalhadas pelos mundos e submundos da internet, intencionalmente ou não.

Tudo como era antes, mas diferente.

Do que não se pode duvidar, porém, é que as coisas realmente voltarão ao normal. Será, contudo, um NOVO NORMAL. Como Salvador Dalí redesenhando o panorama. As rotinas voltarão, a economia, com alguns traumas, voltará a crescer (desde a grande depressão de 1929 há exemplos), as pessoas voltarão a se abraçar e beijar novamente.

Tudo passa, e a pandemia também passará. Outras virão, possivelmente. E talvez até piores. Se não levar muito tempo, a reação dos governos e da população será outra, pois se aprendeu muito com essa.

O normal, entretanto, será novo. As pessoas passarão a ter, no seu cotidiano, mais cuidados com a higiene e, provavelmente, a dar mais atenção à família e amigos.

As instituições de ensino e os próprios alunos passarão a ver as aulas remotas com outro olhar e a buscar contínuo aprimoramento para a educação como um todo. Alternativas de transporte, como as caronas solidárias e as bicicletas talvez ganhem mais adeptos.

O e-commerce dará passos ainda mais largos. Fintechs e contas 100% digitais ganharão mais força. As realidades aumentada e virtual passarão a fazer parte do cotidiano com mais intensidade. As relações trabalhistas e contratuais passarão por nova ótica, com ganhos para empresas, empregados e parceiros. Novas oportunidades pulularão. Os exemplos são quase infinitos.

Tudo voltará ao normal. Será tudo como antes. Mas diferente, e melhor. Será o novo normal da humanidade.