“O impacto econômico-financeiro das fake news”

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Por: Raphael Rocha Lopes

21/04/2020 - 11:04 - Atualizada em: 21/04/2020 - 11:32

♫ “O que será que será/
Que dá dentro da gente e que não devia/
Que desacata a gente, que é revelia/
Que é feito uma aguardente que não sacia/
Que é feito estar doente de uma folia/
Que nem dez mandamentos vão conciliar”
(O que será, Chico Buarque).

Quanto o leitor acredita que dá de prejuízo uma informação falsa? E uma cachoeira delas, as fake news? O impacto é de diversas naturezas.

O primeiro que se tende a imaginar é o da imagem arranhada, às vezes esfolada, que uma informação falsa ou descontextualizada pode causar a qualquer pessoa. Uma mentira ou mesmo um boato podem manchar irreversivelmente a vida pessoal ou profissional que um cidadão construiu ao longo de uma vida inteira.

E pessoas com más intenções borbulham por aí, com os mais variados interesses, dos políticos aos de pura vaidade. O mesmo pode acontecer com empresas que são alvos de fake news.

Os impactos na economia.

A honra não tem preço, é o que muitos dizem, apesar de cobrar indenizações na justiça. Na realidade, é o máximo que podem fazer, além de denunciar quem propaga as fake news para que responda criminalmente também.

A honra jogada na lama, porém, pode gerar reveses econômicos se a vítima for uma empresa ou uma pessoa que vive da própria imagem.

Entretanto, os prejuízos vão muito além disso e, em realidade, tornam vítima toda a sociedade e não apenas quem é atingido diretamente.

Segundo pesquisa realizada pela Universidade de Baltimore em conjunto com a empresa da área de tecnologia Cheq, os custos das fake news giram em torno de US$ 78 bilhões por ano.

Este prejuízo foi dividido, na pesquisa, em diversos segmentos. São US$ 39 bilhões com as oscilações negativas no mercado de ações; US$ 17 bi de perdas para pessoas comuns por conta da influência das fake news nas decisões financeiras; US$ 9,5 bi no gerenciamento e defesa de reputação; US$ 9 bi de prejuízos na área da saúde; US$ 3 bi de custos com segurança de plataformas online; US$ 400 milhões com gastos em fake news na política, especialmente nas eleições e US$ 250 milhões com perdas das marcas em publicidade ao lado de fake news.

São números assustadores.

Conduzidos por fake news.

As informações falsas têm várias intenções: denegrir a imagem de empresa ou pessoa; simplesmente criar confusão em determinada situação e propagar vírus (quando as pessoas clicam no link e vão para sites maliciosos, por exemplo).

Um número que causou espanto nesta pesquisa foi o da projeção de gastos com fake news nas eleições dos EUA e do Brasil: US$ 200 e US$ 34 milhões de dólares, respectivamente.

Associada à avalanche de boatos e desinformação que veio com a pandemia, pode-se falar que há muitas pessoas que estão conduzindo seus atos com base nestas fontes completamente furadas, tanto para sua vida pessoal quanto para seu comportamento social.

Por isso fica, mais uma vez, a dica: antes de passar qualquer informação adiante, confirme em sites confiáveis se é real. E não vale aquela tática de preguiçoso de quem manda, com a mensagem duvidosa, a seguinte frase: “Não sei se é verdade, estou só repassando”.