“Não quero viver minha vida novamente”

Foto divulgação

Por: Raphael Rocha Lopes

12/05/2021 - 13:05 - Atualizada em: 12/05/2021 - 13:24

“♫ I don’t wanna be buried in a Pet Sematary/ I don’t want to live my life again” (Pet Sematary, Ramones)

Você gostaria de ter o poder de viver novamente a mesma vida ou viver eternamente? E se essa nova velha vida fosse tecnologicamente possível, estaria disposto a arriscar ou gastar seu dinheiro?

Os mais íntimos sentimentos, corações e mentes se acenderiam com esta realidade.

Vivendo uma nova velha vida holográfica

Um dos vídeos mais perturbadores envolvendo tecnologia que já vi veio da Coréia do Sul. Era o reencontro de uma mãe com sua filha de sete anos. Sua filha falecida de sete anos. Com equipamentos de realidade virtual, a mãe via e sentia sua filha como se estivesse realmente ali, conversava com ela e chorava.

A criança era, na realidade, uma recriação holográfica em 3D, com voz e interação. A emoção da cena é difícil de descrever, mas fácil de compreender, mesmo não entendendo nada de coreano. Nesse link (https://bit.ly/2VFeeuO) postei um trecho do vídeo. Aviso que, pelas circunstâncias e pela reflexão a que nos obriga, é bastante impactante.

Lá mesmo na Coréia do Sul, já havia um serviço que permitia conversas telefônicas com entes queridos falecidos, com a voz do morto e dados obtidos na internet, para que o papo fosse natural.

Na ficção científica tem o episódio da excelente série Black Mirror (Netlfix) em que a mulher compra uma cópia em androide do marido que morreu quando ela estava grávida (Be right back). A criança cresce com o pai androide.

A vida melhor e a vida eterna

Não tenho dúvida de que vivemos melhor agora do que há 100, 500 ou 2000 anos. Ficando nos exemplos mais prosaicos, hoje, para o homem médio, há banheiros nas casas, diversidade de comida no supermercado, remédios mais eficazes, automóveis e internet. Não dá para comparar.

Isso tudo importa em mais saúde. E mais saúde significa mais longevidade. O outro lado, contudo, é o aumento do abismo entre pobres e ricos. O professor Yuval Noah Harari, em seus livros e palestras, fala tanto desta busca do homem pela imortalidade quanto da diferença social que poderá vir por tabela.

Na mesma linha de raciocínio, dentre tantos livros e filmes, há o Altered Carbon (Carbono Alterado, Netflix), que se passa num futuro distópico onde as pessoas têm suas vidas armazenadas numa espécie de dispositivo de memória. Se morrer e o dispositivo não for danificado, a pessoa pode utilizar outro corpo. A classe social da pessoa determinará que corpo ela poderá receber. Dá para imaginar as disparidades… E acredito que chegaremos a algo muito parecido.

A medicina avança rapidamente. A tecnologia dará à humanidade a possibilidade da juventude e da vida quase eterna. E a responsabilidade de descobrir o que fazer com elas… E possivelmente as pessoas continuarão se perguntando o que fariam se o mundo acabasse amanhã.