“Fim de caso: redes sociais, boatos e ameaças”

Imagem ilustrativa/Pexels

Por: Raphael Rocha Lopes

04/09/2016 - 12:09 - Atualizada em: 04/09/2019 - 13:27

As cortinas transparentes não revelam/ O que é solitude, o que é solidão/ Um desejo violento bate sem querer/ Pânico, vertigem, obsessão” (Essa noite não, Lobão).

A tecnologia e as inovações existem para facilitar a vida das pessoas, para aproximá-las, para serem utilizadas em prol de um objetivo maior. Infelizmente, nem sempre isso acontece.

Pessoas com mentes obscuras nublam vidas alheias descarregando seus pânicos em outras, e, agora, se sentem mais corajosas sob o manto da internet.

Não é filme de suspense, é terror na vida real

Perfil falso em redes sociais com alguém se passando pela vítima, disseminação de boatos, ameaças de publicar fotos suas nua, de sequestrar seu filho, de invadir sua casa, de abusá-la sexualmente, de torturá-la e de matá-la. Esse foi o drama sofrido por uma mulher depois do término de um relacionamento que durou dois anos.

O enredo parece de filme de suspense ou de terror, mas o caso ocorreu no norte catarinense e a Justiça de primeiro grau determinou que o réu não tenha qualquer tipo de contato ou aproximação com a vítima, que não publique qualquer postagem ou mensagem sobre ela e que não a ofenda física ou psicologicamente e, ainda, que cesse com as ameaças.

Pânico, vertigem

Perseguir a ex-namorada pelas redes sociais, criar um perfil em seu nome para denegrir sua imagem e disseminar boatos virulentos, as chamadas fake news, é algo, infelizmente, mais comum do que se imagina.

Existem inúmeras histórias no Brasil e mundo afora sobre os dramas sofridos por ex-namoradas, ex-noivas, ex-esposas e até ex-amantes vítimas de ex-companheiros que utilizaram a internet para tentar destroçar as suas vidas.

Porém, há consequências no mundo real. As responsabilizações civis e criminais atingem diretamente os algozes dessas vítimas, normalmente mulheres.

Obsessão

Fins de relacionamentos com esse nível de histeria normalmente apontam para uma convivência conturbada, abusiva ou possessiva. A obsessão que explode com o término da relação já dá pequenos (ou grandes) sinais durante o namoro ou casamento. Prestar atenção aos sinais e ouvir amigos e familiares é importante.

A tecnologia a favor

Muitas pessoas passam por isso e, às vezes, dadas as ameaças, acabam não denunciando o algoz, mesmo como no caso acima, após o término do relacionamento. Dependendo da situação, o silêncio pode sair muito caro e, por isso, a procura da família, da polícia e da justiça é a primeira recomendação.

A tecnologia, por sua vez, traz alguns aliados, como aplicativos para mulheres que sofrem estes tipos de abusos. Associar todas as possibilidades em favor das vítimas é imprescindível para evitar fins trágicos.