“♫ Eu vejo o futuro/ Repetir o passado/ Eu vejo um museu/ De grandes novidades/ O tempo não para/ Não para, não” (O tempo não para, Barão Vermelho)
Depois de refletirmos sobre doenças decorrentes da tecnologia, sanidade e loucura e novos sentimentos ou emoções inventados pela internet, cabe perguntar: a internet tornará os jovens de hoje excepcionais profissionais multitarefas ou rasos eremitas digitais?
Hiperconectividade, inteligência artificial, volume quase infinito de dados, transformará como a humanidade?
Se, por um lado, jovens desenvolvem a capacidade de localização rápida de informações online e de fazer várias tarefas ao mesmo tempo, por outro, alguns especialistas estão preocupados com o que chamam de cérebro hiperconectado superficial.
Cérebro superficial.
O cérebro superficial é consequência da hiperconexão: os jovens estão cada vez mais dependentes da internet e dos smartphones para resolver tudo. Doentiamente dependentes, em alguns casos.
Tudo bem, há benefícios. Não precisamos mais memorizar os números de telefone de nossos parentes e amigos e nem procurar aquelas agendas no fundo da gaveta: agora está tudo no celular.
Por outro lado, o acesso imediato à informação na palma das mãos (para a parcela remediada e rica da sociedade) está fazendo com que crianças, jovens e adultos não saibam fazer as mais fáceis contas matemáticas ou conjugar adequadamente verbos simples.
Parte da juventude também está com sérios problemas de foco em problemas mais profundos ou difíceis, resultado das interações rápidas que ocorrem na internet. A falta de paciência e compreensão, como vimos no texto da semana passada, está sendo uma tendência. Uma triste tendência.
Em outro prisma, a conexão com milhares de amigos ou milhões de seguidores sem sair de trás da tela pode estar criando eremitas. Pior: ermitões que não sabem diminuir 8 de 10, não sabem conjugar o verbo ser e sabem quase nada sobre quase tudo, apesar de acharem que sabem muito.
Admirável mundo novo em 1984.
A internet trouxe um admirável mundo novo não imaginado nem por Aldous Huxley. Sua obra mais famosa, porém, mostra pessoas felizes. Felizes e superficiais. As pessoas das classes médias e ricas, felizes e superficiais.
Vivemos num admirável mundo novo, muito melhor que qualquer outra era da humanidade, não tenho dúvidas. A internet é uma das bases deste admirável e melhor mundo. Mas, como em 1984, o livro, não o ano, as mentes das gerações futuras parecem estar sendo paulatinamente controladas.
Na obra de George Orwell (de 1948) – que todos deveriam ler para fazer um paralelo com o que está acontecendo hoje – o Grande Irmão consegue moldar e limitar o pensamento das pessoas.
Estará a internet fazendo a mesma coisa? Uma coisa é certa: o tempo não para, não para, não.