Amor, meu bit amor, e sexo

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Por: Raphael Rocha Lopes

24/06/2020 - 07:06 - Atualizada em: 24/06/2020 - 07:21

“♫ Amor, meu grande amor/
Me chegue assim/
Bem de repente/
Sem nome ou sobrenome/
Sem sentir/ O que não sente//
Só dure o tempo que mereça/
E quando me quiser/
Que seja de qualquer maneira”
(Amor, meu grande amor, Barão Vermelho).

Tabus sempre existiram. Há pessoas que ainda torcem o nariz para casais que se conhecem em aplicativos ou para sexo na internet. A tecnologia e inovação também bateram às portas do amor e do sexo. Você já aceitou essa nova realidade?

Amor, meu bit amor.

Bit, ou dígito binário, é, na computação, a menor unidade de informação que pode ser armazenada: 0 ou 1. Mas, de maneira composta, pode fornecer informações infinitas. Simples e complexo como o amor.

Em tempos de efemeridade, o amor, meu grande amor, pode ser o amor, meu bit amor. Em tempos de infinitude também. A internet veio trazer um oceano de opções e alternativas para os relacionamentos, transformando-os.

Pesquisas recentes apontam que uma em cada oito pessoas conheceram seu atual parceiro pela internet. Quase todo mundo conhece algum casal que se conheceu por aplicativo. Estima-se que em 2050 mais de 80% dos casais serão formados assim (e aqui não está se falando apenas de encontros furtivos para sexo).

Embora aplicativos de paquera como Tinder, Happn e afins estejam bombando nos últimos sete ou oito anos, já desde 1995 o site Match.com promove encontros e relacionamentos. Os sites antigos cativavam pessoas acima dos 30 anos, enquanto os apps da última década impactam diretamente os mais jovens.

Talvez o principal motivo seja que as apresentações se confirmam apenas quando ambos os lados demonstram interesse: o tal crush. Para essa geração mimimi 140 caracteres (que já comentei aqui) isso é uma grande vantagem, pois boa parcela dela não lida bem com frustrações.

Pandemia e sexting.

Algo que também não é novo, mas que cresceu bastante na pandemia, por conta do distanciamento social e da quarentena, foi o sexting, que é a troca de mensagens de cunho erótico ou sexual, com ou sem fotos ou vídeos, nudes ou não.

A distância e a necessidade (fisiológica ou psicológica) do sexo fizeram o sexting aumentar. Os números não são exatos, mas aponta-se um aumento de mais de 30% de sexting nesse período, com 15% das pessoas fazendo isso pela primeira vez.

Governos, como o da Irlanda e o de Nova Iorque, recomendam o sexting e a masturbação como alternativas aos encontros pessoais, visando diminuir os índices de contágio da Covid-19. O aumento da busca por sites eróticos também foi considerável nesse período, assim como o número de pessoas que os utilizam para incrementar a renda.

A segurança.

Se, por um lado, o sexo virtual aumenta a segurança física, por outro fica a dúvida: seus dados estão protegidos?

Aplicativos de paquera estão evoluindo rapidamente. Inteligência artificial, big data, realidades virtual e aumentada e wearables (roupas conectadas à internet) vão atrair cada vez mais pessoas para esse mundo.

Dados importantes do comportamento do usuário ficarão disponíveis, a ponto de identificar se ele gostou ou não do encontro ou da experiência sem que preencha qualquer questionário. E isso é só o começo.

O futuro dirá se, neste ponto, a humanidade está evoluindo ou involuindo…