“A premissa de provocar inveja”

Foto divulgação

Por: Raphael Rocha Lopes

28/09/2021 - 11:09

“♫ Meu bem eu sei que o sucesso nem sempre dura/ mas a mediocridade não tem cura!” (A inveja é uma m., Ultraje a Rigor).

São sete os pecados capitais: avareza, ira, luxúria, gula, preguiça, soberba e inveja. Sobre estes dois últimos conversaremos hoje. Os pecados capitais foram criados pela Igreja Católica, oficialmente com esse rol, no final do Século XIII, com adaptações que vieram desde o Século IV.

No mundo digital esses pecados podem ser identificados de várias formas. A soberba e a inveja estão entre os mais recorrentes.

A inveja

Todo mundo já sentiu inveja pelo menos uma vez na vida. Isso se tiver dois ou três anos de idade. Se for adulto, provavelmente já sentiu inveja um número incontável de vezes. É natural das pessoas – não estou dizendo que é certo ou bom. O velho sabedoria popular é certeira: a grama do vizinho é sempre mais verde.

Na internet não é diferente. Ver, nas redes sociais, aquelas fotos bacaníssimas dos amigos e até de desconhecidos dá uma dor de cotovelo… A gente na maior ralação tentando ganhar o pão nosso de cada dia e o cara lá, fotografando um baita prato lindo de comida exótica, tirando selfie com uma p*#@ paisagem de fundo, pegando um sol com os amigos e umas bebidas diferentes numa praia paradisíaca com um inenarrável céu azul. Sacanagem!

Não tem como não ficar com inveja. Isso, claro, se você se importar com tudo o que aparece na rede mundial.

A soberba

Soberba, segundo o dicionário, no contexto dos pecados, é a vaidade em demasia, a arrogância. Soberbo é aquele que quer ser melhor do que os outros, em alguma situação ou em todas. Mas também pode ser o cara das fotos ali de cima.

Em certas redes sociais, no Instagram em especial, parece que algumas pessoas partem da premissa de que têm que provocar inveja em seus seguidores. Quanto mais bonita, exuberante e invejável a foto, melhor. Mais curtidas, mais comentários, mais evidência, e mais gente com inveja.

A soberba, na internet, também causa outro problema. Gera um tipo diferente de soberbo: os senhores da verdade que não reconhecem suas limitações intelectuais e fazem pouco caso de quem pensa diferente ou discorda e, muitas vezes, também desdenham da ciência. Ora, para que ciência se o que eu penso, sem qualquer estudo científico, é o que vale?

Mas a soberba pode pregar peças. Mais cedo ou mais tarde alguns soberbos caem do cavalo, seja sendo desmascarados e se esvaindo no ostracismo, seja sendo vítimas de outro comportamento da internet: o cancelamento. Afinal, o sucesso nem sempre dura, mas a mediocridade não tem cura.

E que fique claro: ninguém está imune aos pecados, ainda que virtuais..