João Amoêdo: o que pensa o presidenciável que visita Jaraguá do Sul na próxima semana?

Amoêdo propõe a diminuição do Estado, as privatizações, taxação menor sobre o consumo, liberdades individuais e o fim do financiamiento público aos partidos | Foto Divulgação

Por: Elissandro Sutil

16/05/2018 - 08:05 - Atualizada em: 24/05/2018 - 09:47

João Dionísio Amoêdo nasceu no Rio de Janeiro em 1962. Formado em Engenharia Civil e Administração de Empresas, passou grande parte de sua vida no mercado financeiro, chegou a ser vice-presidente do Unibanco em 2004 e fez parte do conselho de Administração do Itaú-BBA. Deixou a carreira bem sucedida para criar o Partido Novo e agora é pré-candidato à Presidência da República.

Com registro desde 2015, a legenda surgiu de uma iniciativa de líderes do setor privado – nenhum deles tinha experiência partidária – e tem a meta renovar a maneira de se fazer política no Brasil, o que já vem fazendo ao promover uma espécie de vestibular para escolha de candidatos e recursando recursos públicos para se manter.

O símbolo maior dessa novidade é justamente Amoêdo, que aos 55 anos defende uma agenda liberal ao país, com liberdade ao indivíduo, privatizações e concentração da atuação do Estado nas necessidades fundamentais como saúde, educação e segurança.

É sobre essas propostas que João Amoêdo falará em palestra marcada para quarta-feira da próxima semana, dia 23 de maio, no Baependi. Serão 650 lugares.

Expectativa é que jaraguaenses se identifiquem

O pré-candidato a deputado federal pela sigla na região, o empresário Leandro Schmöckel Gonçalves, um dos articuladores para vinda do pré-candidato ao município, acredita que essa será uma oportunidade para comunidade regional acompanhar Amoêdo e saber o que ele pensa.

“O pensamento do Novo, as propostas do Amoêdo, tem grande conexão com a nossa cultura. Além disso, ele é líder pelo exemplo, um cara carismático e que tem uma maneira coerente e simples de se expressar, sem radicalismos e discursos inflamados”.

Schmöckel cita três pontos da agenda defendida pelo ex-executivo como símbolos do que deve ser apresentado à plateia. O primeiro deles é a diminuição do Estado como forma de concentrar esforços para melhorar os serviços públicos prestados na saúde, educação e segurança.

O segundo é a liberdade individual representada por temas como a defesa da revogação do estatuto do desarmamento e o discurso que a sociedade deve ser livre com responsabilidade. O último é que é preciso acabar com privilégios políticos, com as mordomias e com os cabides de empregos para apadrinhados.

Amoêdo ainda é desconhecido da maioria dos brasileiros, mas cada vez mais tem conseguido fazer eco aos seus ideais, principalmente pela boa atuação nas redes sociais, já são quase um milhão de seguidores no Facebook.

A popularidade na internet tem lhe garantido nos últimos meses espaço também na imprensa tradicional. Com as palestras que tem percorrido o país, como as que acontecerão em Jaraguá do Sul e Joinville, ele tem reforçado a ideia do Novo. O partido colocou como meta eleger 35 deputados federais no pleito deste ano.

“O pensamento do Novo, as propostas do Amoêdo, tem grande conexão com a nossa cultura. Além disso, ele é líder pelo exemplo, um cara carismático e que tem uma maneira coerente e simples de se expressar, sem radicalismos e discursos inflamados”, Leandro Schmöckel, pré-candidato a deputado federal.

Saiba o que pensa o pré-candidato sobre:

Amoêdo fez carreira no mercado financeiro e em 2015 mudou os rumos de sua vida para fundar o Partido Novo

Financiamento partidário

Amoêdo e o Novo propõem acabar com o repasse de dinheiro público para os partidos. A sigla já pratica a tese, tanto que depositou os R$ 3 milhões que recebeu do fundo partidário em uma conta no Banco do Brasil.

Ele aguarda ainda um instrumento legal para fazer a devolução sem que a verba seja rateada entre os outros partidos.

O pré-candidato tem dito em entrevistas que o ideal é que os partidos sejam financiados pela parcela da população que concorda com suas diretrizes.

Financiamento de campanha

A pré-campanha de Amoêdo está sendo bancada com recursos pessoais e de filiados. Veja o que ele disse em entrevista ao jornal Zero Hora:

“Não faz sentido gastar R$ 70 milhões, R$ 80 milhões, R$ 100 milhões, lembrando que o valor declarado na campanha de Dilma Rousseff foi R$ 350 milhões. Não faz o menor sentido isso. Segundo ponto é uso intenso das mídias sociais, que faz com que você tenha custos bem mais baixos. Terceiro é a participação maior de voluntários. No Novo, há 20 mil pessoas que contribuem para o partido como filiadas. E aí vamos buscar a captação de doadores, que não vai ser nada muito expressivo, mas gente comprometida com as ideias do Novo. Esse é o grande desafio.”

Sinceridade com o eleitor

Amoêdo acredita que uma das causas da ingovernabilidade do país é o faz de conta durante as campanhas, quando os candidatos se negam a falar de temas essenciais que dividem opiniões ou mentem para o eleitorado.

Por isso, não tem fugido do debate, é a favor da revogação do estatuto do desarmamento, por exemplo, diz que o país deve acompanhar as experiências de países como os Estados Unidos e Uruguai antes de definir sobre a descriminalização das drogas e é fortemente a favor das privatizações.

Sobre o casamento homoafetivo, afirma que seria uma incoerência defender a liberdade individual e restringir a união.

Contra cotas e interferência do Estado

Uma declaração de Amoêdo ao jornal El Pais repercutiu bastante nas redes sociais. Ele disse que o Estado não deve interferir nas empresas quando pagam salários diferentes para homens e mulheres. Segundo o executivo, não cabe ao Estado interferir em uma empresa privada, seja para proteger a mulher ou qualquer outra pessoa.

Na visão de Amoêdo, é justamente por essa falta de liberdade econômica que o Brasil se tornou um país muito difícil para empreender. “É claro que as mulheres têm de ser reconhecidas, têm de ser bem tratadas, mas não cabe ao Estado fazer essa interferência dentro de um estabelecimento privado”, afirmou.

Para ele, as cotas também significam uma interferência negativa e não fazem justiça social. “As pessoas não devem ser diferenciadas pelo seu sexo, pela sua preferência sexual, pela cor da pele. Na medida em que a gente faz essa diferenciação, cria a polarização na sociedade brasileira. Você vai criando atritos”.

Bolsa Família e programas sociais

Para Amoêdo, o Bolsa Família é um bom programa social porque entrega o dinheiro direto para as pessoas. “O Estado não faz a gestão do supermercado”. O modelo deveria, segundo ele, ser testado progressivamente na educação e na saúde.

Uma forma de fazer isso seria prover vale-educação e vale-saúde para as pessoas e deixar que elas tenham a opção de ir em uma clínica popular, de comprar um plano de saúde mais baixo, de colocar eventualmente o filho numa escola privada.

O pré-candidato diz ainda que o melhor programa social para as pessoas é conseguir emprego, o que o Estado tem dificultado ao interferir demasiadamente, cobrando alta carga tributária e taxa de juros elevada.

 

Amoêdo diz que hoje brasileiro é obrigado a ser sócio e a bancar prejuízo e indicações políticas nas estatais

Defesa das privatizações

Amoêdo é a favor das privatizações, diz que hoje a sociedade é obrigada a ser sócia do Banco do Brasil, da Caixa, da Petrobras, dos Correios, na hora do prejuízo. Cita que por terem uma gestão política, sem indicações técnicas, essas empresas têm baixa rentabilidade, criam um ambiente propício à corrupção e entregam serviços ruins.

“Para boa parte dos políticos, essas empresas têm um valor muito grande porque permitem indicações, perpetuação de poder e negociações. Por muitos anos, ouvimos que essas empresas eram estratégicas. São estratégicas exclusivamente para os políticos”, disse em entrevista a BBC Brasil.

Amoêdo alerta ainda que o processo de privatização deve ser responsável, não adiantando transferir um monopólio público para um monopólio privado.

Segurança pública e liberação do porte de armas

Amoêdo tem defendido que é necessária maior integração dos órgãos de segurança federal, estaduais e municipais. Para ele, o governo federal precisa estar mais atento e trabalhar nas mais nas regiões de fronteiras.

O pré-candidato também defende parcerias público privadas para a gestão e construção de presídios e uma legislação penal mais dura, com penas maiores. Além disso, é favorável à liberação do porte de arma, indo contra o Estatuto de Desarmamento.

“Acho que isso vale muito para propriedades rurais, onde as pessoas estão longe de postos policiais. Eu não pretendo portar uma arma, mas acho que as pessoas deveriam ter liberdade para isso. Agora, obviamente, se o sujeito pegou uma arma, discutiu no sinal e deu um tiro em alguém, ele tem que ir preso durante 30 ou 40 anos”, disse em entrevista ao El País.

Combate à burocracia

Combater a burocracia é uma das promessas do pré-candidato à Presidência da República pelo Novo. Amoêdo diz que abrir uma empresa é difícil no Brasil, fechar igualmente.

“Além dos altos impostos que temos que pagar, nosso sistema tributário é o mais complexo do planeta: são necessárias 1.958 horas por ano para pagarmos impostos. Sou a favor de unificarmos os impostos sobre consumo (no mínimo o ICMS, ISS, IPI, Pis e Cofins) em um único imposto sobre valor agregado, o IVA. Essa simplificação aumentaria investimentos, oportunidades e o potencial de crescimento do país”, defendeu em sua página no Facebook.

A palestra de Amoedo em Jaraguá do Sul é gratuita e os ingressos podem ser garantidos neste site. Um dia depois, ele estará em Joinville.