“Teorias populares esdrúxulas são o pandemônio em meio a pandemia”

Por: Nelson Luiz Pereira

03/04/2020 - 17:04 - Atualizada em: 03/04/2020 - 18:34

Constatações em tempos de quarentena: Manter o anonimato saudável frente à rinha das redes sociais, sobretudo, do enfadonho Facebook, contribui sobremaneira para assegurar elevada imunidade física e mental em tempos de pandemia. Mas, quem não gosta de presenciar uma briguinha rasteira? Ou, no dito popular, quem não gosta de ver o circo pegar fogo? Como conter aquela vontade avassaladora da faísca no estopim? O Facebook se tornou uma panela de pressão com a válvula de escape entupida. Pelo mangueirão do Facebook passa de tudo. A “revolução dos bichos” está ali materializada.

Certa feita, perguntei a um conceituado empresário da cidade, porque ele não possuía perfil no Facebook, já que era um formador de opinião, com sólido conhecimento e uma história vencedora? Sua resposta, mesmo revestida de ironia, foi enfática e trucidou meu conceito de ‘canal social’ que até então eu nutria por essa plataforma: “Eu seria facilmente identificável em meio ao mangueirão e, fatalmente, um dos primeiros a ir para o abatedouro”, disse ele. Daquele dia em diante, me tornei um ‘boi observador’.

Lá no cantinho do mangueirão, passo uma hora por noite ruminando e colecionando pérolas do rebanho em polvorosa. Destaco algumas das últimas duas semanas: i) “depois que esta pandemia passar, os países do mundo deveriam se unir e destruir a China, pois ela desenvolveu esse vírus em laboratório propositalmente, para implantar o comunismo no mundo” (pra boi dormir); ii) “agora, com o coronavírus, ninguém mais morre de infarto, câncer, acidente, desnutrição, etc. (é de tirar o couro do boi);

iii) “o nosso presidente está, intencionalmente, se passando por ‘boi de piranha’ para atrair a ele a atenção de seus opositores, possibilitando assim, que seus ministros façam o trabalho que precisa ser feito” (essa é de matar o boi); iv) essa pandemia já estava profetizada por Nostradamus, portanto, os governos poderiam ter evitado (essa é pra comer, em casa, um espetinho de boi ralado).

Depois dessas, como bem sugeria um antenado amigo colunista, antes do coronavírus: “Redondo, uma gelada na mesa 12, por favor!!!