“Epilepsia tratada com respeito!”

Por: Kátia Lopes Marghoti

15/12/2020 - 10:12 - Atualizada em: 15/12/2020 - 17:38

A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns, ela afeta quase 50 milhões de pessoas em todo o mundo, cerca de 3 milhões de brasileiros, e calcula-se que cerca de 5% da população terá ao menos uma crise epilética na vida, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Sendo que, no Brasil, grande parte dos pacientes ainda não tem um controle adequado das crises, tanto pelo despreparo dos profissionais da área da saúde como por desinformação da população.

Essa doença é caracterizada por atividade elétrica do cérebro anormal, que causa convulsões ou comportamento incomum, sensações e, às vezes, perda de consciência. Afeta pessoas de todas as idades, com picos entre crianças e pessoas com mais de 60 anos.

Você já viu alguém convulsionando? Não? Garanto-te que a primeira experiência irá te assustar. Ao presenciar, mantenha a calma, evite que as pessoas se aglomerem (principalmente, no contexto em que vivemos) ao redor do paciente.

Jamais segure os braços e muito menos a segure a língua da pessoa durante uma crise para que ela não engula a língua, isso é uma grande mentira que você já deve ter ouvido, ao fazer isso você pode ferir a si ou a pessoa que estais tentando ajudar. O ideal é colocar o paciente deitado com a cabeça de lado para facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômito.

A cabeça deverá ser apoiada sobre uma superfície confortável, pode improvisar com uma camisa, um moletom, uma mochila, algo assim. É importante não introduzir qualquer objeto na boca e não oferecer nada para a pessoa ingerir.

E a você que sofre com Epilepsia, cerca de 70% dos casos são de fácil controle após o uso do medicamento adequado. Os 30% restantes são classificados como epilepsias refratárias de difícil controle.

E em alguns casos, é possível até mesmo a resolução e controle das crises, que ocorrem quando:

  • Se realiza um procedimento cirúrgico que retira a causa das crises;
  • Ocorre o amadurecimento do cérebro em alguns tipos de epilepsias infantis;
  • O paciente fica muito tempo sem ter crises (mínimo de dois anos) e a medicação foi descontinuada sem recorrências.

Há muitas inverdades que rondam essa enfermidade, infelizmente, o que assusta ainda mais o paciente. Pacientes bem controlados podem e devem trabalhar, praticar esportes, casar, ter filhos, se divertir, etc. Até mesmo poderá dirigir após 2 anos de controle e bom seguimento clínico.

Logo, não dê ouvidos a mentira, procure um especialista, e tenha sua vida normal.

Artigo elaborado pela neurologista Dr.ª Katia Lopes Marghoti, Médica Reguladora do SAMU, Preceptora na Residência Médica em Neurologia na Associação Hospitalar São José; Possuí residência Médica em Neurologia no Hospital Municipal São José (HMSJ); Graduada em Medicina pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC)