“A NeuroCovid”

Foto divulgação.

Por: Kátia Lopes Marghoti

24/02/2021 - 13:02 - Atualizada em: 24/02/2021 - 13:12

A poucos dias de completar um ano em que a Organização Mudial de Saúde (OMS) decretou a pandemia do novo coronavírus, que mudou o comportamento das pessoas em todo o mundo, ainda são muitas as dúvidas que pairam entre a população e cientistas de todas as áreas.

Embora os problemas respiratórios sejam os sintomas mais disseminados como alarmantes e temíveis em casos de Covid-19, já que é o principal responsável e noticiados pela morte diretamente, há outras complicações igualmente perigosas que já foram identificadas no cérebro de pacientes.

As adversidades neurológicas que ocorrem concomitantes à infecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) são resumidas pelos especialistas no termo “NeuroCovid”. Apesar da certeza de que existe uma ligação entre essas complicações cerebrais e a doença, os neurologistas e pesquisadores ainda estão em busca do efeito causa-e-consequência deste cenário.

Um estudo feito pela Universidade de Campinas aponta que mesmo os pacientes que não chegaram à internação hospitalar se queixaram, dois meses depois, de dor de cabeça, alterações no paladar e olfato, distúrbios do sono, fadiga e alteração de memória.

Testes neurológicos constataram problemas cognitivos e análise de imagens apresentaram alterações nas substâncias brancas e cinzentas do cérebro. Nesse mesmo estudo, foi avaliado de forma online 2 mil pessoas, em que demonstrou que: 50% apresentava fadiga, 40% tinha cefaleias e 37% possuía alterações de memória.

Pesquisadores de todo o mundo, correm contra o tempo na detecção de possíveis sequelas, das leves às mais intensas. Grande parte dessa corrida se concentra nos casos mais graves. Porém, há também registros de pessoas que não chegaram à fase mais crítica do Covid e que reclamam de cefaleias, insônias, alterações cognitivas de memória.

Ainda é cedo para se concluir se serão sintomas permanentes, reversíveis ou por quanto tempo permanecerão. Logo, “querer pegar logo, para ficar livre” não é uma boa opção, é melhor fugir dessa ideia, pois não se sabe como será no longo prazo.

Artigo elaborado pela neurologista Dr.ª Katia Lopes Marghoti, Médica Reguladora do SAMU, Preceptora na Residência Médica em Neurologia na Associação Hospitalar São José; Possuí residência Médica em Neurologia no Hospital Municipal São José (HMSJ); Graduada em Medicina pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC)