A laqueadura é um método de prevenir gravidez de forma definitiva muito utilizado por mulheres no Brasil, podendo ser considerado em algumas literaturas o método mais procurado no mundo.
Existem várias técnicas cirúrgicas, mas o objetivo é criar uma barreira mecânica nas trompas através de cortar, amarrar, queimar e/ou ligadura por anel das trompas.
É um método extremamente eficiente, com taxa de falha de 0,5 gestações/100 mulheres/ano. As falhas acontecem porque, algumas vezes, ainda que a técnica do cirurgião tenha sido perfeita, as trompas podem se recanalizar sozinhas.
Estima-se que 21,8% de todas as mulheres estejam laqueadas, que 29,1% das mulheres em união estável utilizam a Laqueadura Tubária (LT) no Brasil. Sendo que destas, 40% das mulheres entre 35-39 anos e 51% das mulheres entre 45-49 anos são laqueadas.
Pacientes atendidas pelo SUS podem pedir essa opção aos médicos do pré-natal ou à enfermeira do posto. Ela será direcionada ao atendimento de planejamento familiar e será instruída sobre as opções para prevenir gravidez, riscos do procedimento e trâmites legais.
Um grande problema associado à laqueadura é o arrependimento. Entre 11% e 15% das mulheres laqueadas se arrependem, sendo que quanto mais precoce a idade na realização do procedimento, maior a chance de arrependimento. A principal causa é um novo relacionamento e desejo de ter filhos frutos dessa nova relação.
Legislação
A lei nº 9.263 prevê a esterilização voluntária de homens ou mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico
Sobre laqueadura no parto a lei diz: “É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante período de parto, aborto ou até o 42º dia do pós-parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores, ou quando a mulher for portadora de doença de base e a exposição a segundo ato cirúrgico ou anestésico representar maior risco para sua saúde. Neste caso, a indicação deverá ser testemunhada em relatório escrito e assinado por dois médicos”.
Essa lei entende que a mulher não está no momento mais apropriado para tomar decisões definitivas, ela está emocionada pela gestação, e por isso não indica a laqueadura durante o parto.
Síndrome pós-laqueadura
Entre as mulheres laqueadas e que tiveram reversão da laqueadura, apenas 30-48% conseguem engravidar.
Um grande problema da Laqueadura Tubária é a Síndrome Pós-laqueadura caracterizada por:
- Desarranjo do ciclo menstrual (ciclo irregular);
- Aumento do sangramento menstrual,
- Sintomas pré-menstruais intensificados (dor de cabeça, inchaço, dor nas mamas, tontura e irritabilidade) – aumento de 74,6%;
- Cólica menstrual intensa – aumento de 13,8%;
- Dor pélvica – aumento de 26,2%;
- Dor na relação sexual;
- Redução do desejo sexual – diminuiu 16,2%
As causas para essa síndrome são desconhecidas, mas acredita-se que está relacionado com o comprometimento do suprimento sanguíneo do ovário, alteração da inervação da trompa e/ou do ovário, torção ovariana e aderências pélvicas (quando os órgãos dentro da cavidade abdominal, após a cirurgia, ficam ligados ou grudados).
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Referências Bibliográficas: Laqueadura tubária: caracterização de usuárias laqueadas de um serviço. Nicolau et al. Fortaleza – CE. 2011 | Laqueadura tubária como causa de infertilidade – avaliação em um hospital universitário. Magalhães et al. UFPR. 2014. | Síndrome Pós-Laqueadura – Repercussões clínicas e psíquicas da ligadura tubária videolaparoscopia: estudo observacional de coorte única, retrospectiva. 2014. Botucatu- SP.
Dra. Juliana Bizatto
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