Da mesma forma que criamos as dicas para gestantes, resolvemos fornecer dicas para as tentantes, e vamos trazer aqui na coluna periodicamente algumas dessas dicas. Se você não sabe o que é tentante, fique tranquilo, eu vou te explicar: “tentante” é a forma como as mulheres que estão tentando engravidar resolveram se autodenominar.
A primeira dica tentante de hoje pode ser boba, mas é válida e já te explico o porquê: anotar o ciclo menstrual. Gente, vocês não fazem ideia do tanto de mulheres que se confunde com essas datas!
Toda vez que eu confiro a data que a paciente diz lembrar com a data anotada em um aplicativo, quase sempre há diferença!
E por que o ciclo menstrual é importante? Porque é através dele que contamos a idade gestacional quando a tentante se torna uma gravidinha. E, além disso, o ciclo menstrual nos informa sobre se essa paciente está ovulando ou não.
A duração normal do ciclo é entre 25 e 35 dias, quando está fora dessa margem, pode (não estou afirmando) ser que ainda que você esteja sangrando todo mês, nem sempre você não esteja ovulando.
E pode menstruar e não ovular, produção? Claro que sim!! Já ouviram falar de síndrome dos ovários policísticos?
Então, anote seu ciclo menstrual e mostre para seu ginecologista, ele vai adorar. Ah, e tem um monte de aplicativo legal, tão fácil e prático para ajudar. Assim você deixa a sua memória para outras coisas.
E tem mais uma coisa, o ciclo menstrual começa no primeiro dia da menstruação e acaba no dia que antecede a próxima menstruação.
A segunda dica para as tentantes é: tomar ácido fólico! É uma vitamina (vitamina B9) presente em vários alimentos (espinafre, aspargo, repolho, brócolis, carne, arroz, feijão, laranja) e também pode ser encontrado em formas de pílulas como complemento vitamínico.
A indicação de uso de ácido fólico em mulheres que desejam engravidar é 30 dias antes da gestação. Ou seja, 30 dias antes da mulher tentar engravidar já deve começar a complementação com pílulas de ácido fólico. E usar até 12 semanas de gestação.
Essa recomendação existe porque o uso de ácido fólico está associado à diminuição de defeitos do fechamento de tubo neural (que nada mais é que o fechamento do sistema nervoso central do embrião – cérebro e a “coluninha” do bebê).
Alguns de vocês já devem ter ouvido da mielomeningocele, doença em que não ocorre o fechamento desse tubo neural adequadamente e, portanto, o bebê quando crescer não conseguirá andar, além de ter incontinência urinária (perde xixi) e na vida adulta pode ter impotência sexual (no caso dos meninos).
Existem no mercado formulações de ácido fólico com:
- 0,4mg (DTN-FOL);
- 5mg – a maioria dos complementos tem essa dosagem, inclusive as disponíveis gratuitamente pelo posto de saúde;
- metil-folato – a forma ativa do ácido fólico, tem eficácia igual ao ácido fólico convencional, ou superior de acordo com outros estudos.
A dosagem recomendada depende de alguns fatores, como obesidade, diabetes mellitus, uso de anticonvulsivantes (carbamazepina e acido valproico), história na família ou em outra gestação de bebês nascendo com esses defeitos.
Quando não existe nenhuma das situações citadas acima a dose é 0,4mg, mas na presença de qualquer uma desta, a dosagem é 4mg.
E sabe aquele mito que ácido fólico causa autismo? Então, gente, não é bem assim não. Existem estudos sérios que mostram que ocorre redução de 68% dos casos de autismo com uso de ácido fólico na dose de 0,4 a 0,8mg antes e durante a gestação.
Contudo, uso exagerado em mulheres que não precisariam dose tão elevada está associado a um risco teórico (ou seja, precisa de mais estudos para provar isso mesmo) de aumento de casos de autismo.
Ficou com dúvidas? Fale com seu médico, e se eu for sua médica, fale comigo. Mais informações no Instagram @drajulianabizatto ou na página do Facebook @clinicajulianabizatto.
Referências Bibliográficas: 1 – Nutrição durante a gravidez – Protocolo Febrasgo 2018 | 2 – Prevenção dos defeitos abertos de tubo neural – DTN. Febrasgo. 2018
Dra. Juliana Bizatto
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