“Dirty talk”

Por: Francisco Hertel Maiochi

18/06/2019 - 15:06 - Atualizada em: 18/06/2019 - 16:59

Na semana passada participei da criação de um jogo, e pude perceber o quanto brincar com algo pode facilitar falar e aprender sobre algo.

O jogo envolvia dirty talking ou, em bom português, “falar safadezas”. E ficou bem claro como a fala sobre sexo não precisa ser uma DR (Discussão de Relacionamento). Percebo que muita gente internaliza que só se fala de sexo quando algo está errado, e olhe lá.

Muitas pessoas têm a noção que se é preciso falar de sexo, é porque algo não está bem, pois estando tudo bem, as coisas deveriam acontecer naturalmente.

Outras percebem que depois de um bom tempo juntos, mesmo uma sugestão de algo novo ou diferente pode passar uma impressão de crítica, ou ainda pior, parecer para o outro que sempre fez algo errado e não sabia.

Falar safadezas é a versão positiva de todas essas conversas, é fazer da conversa parte da sexualidade, parte do lado bom do sexo. Mas por onde começar?

Um bom primeiro passo são as reações. Toda pessoa aprecia um parceiro ou parceira que reaja, que indique se está gostando, como está gostando, que encoraje ou guie, geralmente preferimos pessoas a bonecos. Cuidado apenas para não reagir ao contrário do que sente.

Reações positivas estimulam os parceiros a fazer mais daquilo que estão fazendo, então reagir de forma positiva a algo que você não gosta vai fazer a pessoa, com quem você está, acreditar que é bem disto que você gosta, e fazer mais, trazendo uma conexão ruim para os dois. A ideia é justamente melhorar a comunicação, a conexão.

O segundo passo é expor desejos. Aqui é importante não apresentar nossos desejos como se fossem uma má notícia, como se estivéssemos pedindo um enorme favor para uma pessoa que provavelmente está bem relutante em nos ajudar.

Nenhuma conversa sexy começa com “precisamos conversar”, nem com mil rodeios como se escondesse o mais terrível dos segredos. Uma boa maneira de começar é no plano da imaginação: “agora que você tá me pegando desse jeito, eu começo a imaginar…” por exemplo.

O casal pode ir se explorando ao mesmo tempo que explora uma fantasia de algo que podem fazer mais a frente, e ir experimentando o que cada um tem curiosidade, interesse.

A partir daqui, fica fácil passar para pedidos concretos, pedir o que se quer, na hora que se quer. É importante saber que ninguém tem a obrigação de aceitar tudo o que é proposto. Então é importante saber ouvir, na etapa anterior, as coisas que cada um gosta, imagina e deseja, e as reações que tiveram quando expusemos os nossos desejos.

Também é importante saber que gostar de algo no plano das ideias não significa necessariamente querer que aconteça na realidade. Quando os desejos se encontram, ótimo!

Quando não, uma boa estratégia é oferecer algo diferente em vez de negar: “hum, isso parece muito bom, mas o que estou com vontade mesmo é…”.

Exercitar essa comunicação pode ajudar muito a encontrar novas conexões com pessoas que já conhecemos, aumentar a intimidade, e também exercitar o consentimento, evitando pressionar nossos parceiros a fazer coisas que não querem, ou quando não querem.

Comunicar verbalmente nos assegura que estamos com desejos que se encontram, que realmente se querem concretizar, que a motivação é mesmo desejo, e não qualquer outra pressão ou obrigação, que com o tempo se transforma em ressentimento.

Francisco Hertel Maiochi – Espaço Ciclos
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