“Ciúme é prova de amor?”

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Por: Francisco Hertel Maiochi

24/09/2019 - 10:09 - Atualizada em: 24/09/2019 - 10:24

O que é amor? Eu gosto de uma definição simples: amor é querer bem a alguém, e agir de acordo. A partir disso podem existir vários tipos de amor: de família, de amigos, de parceiros; mas todos precisam dessa base. Amor precisa de ações. Ninguém se sente amado por pensamentos, já que ninguém lê mentes.

Aqui as coisas já começam a complicar. Se amar é uma ação, existe uma diferença entre amar e alguém se sentir amado. Para que alguém se sinta amado, as ações do outro precisam fazer bem à pessoa nos seus próprios termos, não nos nossos.

Não adianta levar a pessoa para o melhor sushi da cidade quando ela não gosta de peixe, por exemplo, mesmo na melhor das intenções. Amar exige diálogo, exige conhecer e ouvir o outro.

Amor é complicado. Nem sempre é recíproco. É possível amar sem se sentir amado. É possível se sentir amado por alguém que não amamos. É possível achar que se ama, mas não estar realmente fazendo o bem para o outro.

É possível que duas pessoas tenham as melhores das intenções um pelo outro, mas não se sintam amados, pois não conseguem expressar isso de forma que o outro sinta isso.

E é aí que entra o ciúme.

Ciúme é medo de perder algo. Perder o que a pessoa nos dá, como a sensação de que somos amados. E nesse detalhe que é possível ver que ciúme não é prova de amor. Mesmo quem não ama pode sentir ciúme. Ciúme é medo de perder o que se ganha, não o que se dá. Amor é o que nós fazemos pelo outro, não por nós mesmos.

Ciúme é uma emoção, e como todas as emoções, é normal que o sintamos. Todo mundo sente alegria, tristeza, medo, raiva, ciúmes. Todo mundo tem medo de perder coisas que nos fazem bem. Todos nós temos inseguranças. O importante é o que a gente faz com isso.

Quando temos raiva, explodimos? Descontamos em quem nem tem a ver com a história? Ou achamos outro escape? Saímos da situação para respirar, esfriar a cabeça e resolver as coisas de uma forma menos agressiva? O que importa não é a emoção em si, mas como a gente lida com ela.

Quem deseja felicidade a alguém quer esse alguém fazendo coisas que lhe deixam alegre, de bem com a vida. E se em nome do ciúme acabamos nos sentindo no direito de controlar a vida do outro, já não estamos agindo motivados pelo bem do outro, somos motivados pelo nosso próprio medo.

Se impedimos que a pessoa seja ela mesma, que faça as coisas que lhe fazem bem, como encontrar bons amigos, se vestir com as roupas que se sente bonita, já não temos a felicidade do outro como objetivo, mas a nossa. Controlar alguém motivado por ciúme não é prova de amor, mas de medo e egoísmo, dizendo que nosso medo é mais importante que a felicidade do outro.

Claro que ninguém é perfeito, e é difícil amar as pessoas independente do que elas nos dão, totalmente sem medo e insegurança. Mas é importante refletir, perceber a própria insegurança, e reconhecer bem isso, é sua própria insegurança. Se me percebo inseguro, é minha tarefa lidar com a minha insegurança, não do outro.

Cabe a mim procurar recursos, amigos, leitura, reflexão, terapia. Aprendendo a cuidar das nossas próprias emoções, assumir essa responsabilidade, é a única forma de alcançarmos uma felicidade genuína.

Francisco Hertel Maiochi – Espaço Ciclos
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