O trabalho é necessário no intuito de gerar valor para organizações e indivíduos. Contudo, o valor, hoje, não está somente em poder, propriedades e dinheiro, mas também na capacidade de inovação, criatividade e geração de conhecimento. Assim, além do trabalho, precisa-se estudo, diversão, ócio e hobbies para a construção da própria identidade, não só pelo que se tem, mas, também, pelo que se sabe.
Destarte, a vida não pode ser só trabalhar a semana inteira e ter outra rotina, a mesma de sempre, no fim de semana. Uma vida assim não é humana. Há algo a mais na vida. E uma dessas outras coisas se chama hobby, que pode ser definido como distração, desocupação ou, disruptivamente, “desconcentração refocalizada”.
Quanto a isto, vale lembrar que só adota um hobby quem deixa de colocar necessidades de outros antes das próprias. Comparativamente, é como seguir a recomendação das companhias aéreas quanto a se colocar a máscara de oxigênio antes de ajudar os outros.
Em termos gerais, um hobby é simplesmente o uso intencional do tempo para si mesmo, por mais curta que seja a “janela”, algo que os alemães chamam de ‘Lebensraum’ (‘espaço vital’, em português), composto de momentos em que se vive plenamente aquilo que dá prazer, convém, faz bem, carrega a bateria, dá paz, faz feliz.
Um passatempo não apenas desestressa, como também, ajuda a enfrentar desafios profissionais e pessoais, aprimorando novas habilidades e conectando outras pessoas. Para isso, há que haver o compromisso com ele, hobby, definindo horários, protegendo-o de reuniões e assuntos particulares outros. Ou seja, há que se encontrar uma maneira de torná-lo parte regularmente programada da semana.
É-se uma pessoa e profissional melhor quando se tem um hobby. Ele não resolve todos os desafios do equilíbrio entre vida profissional e pessoal, mas pode ser parte importante do quebra-cabeça, pois este equilíbrio, problema multivariado, requer soluções multifacetadas, algo característico de todo hobby.
Ademais, os hobbies evitam o desconforto do ócio alienante, aquele que faz alguém sentir-se vazio e inútil, por não gerar produtividade. Melhores que o “ócio criativo” (conceito desenvolvido por Domenico De Masi [1]), eles, os hobbies, juntam atividade, estudo e lazer, de forma a se experimentar o valor gerado pelo trabalho, o conhecimento ocasionado pelo estudo e a alegria proporcionada pelo lazer.
O hobbies, ainda, reduzem o risco de se vir a usar o tempo extra-trabalho em hábitos destrutivos. Ou seja, levam a investir-se tempo livre em alguma ocupação, funcionando como um escudo contra atividades que degradam o corpo e a mente, essa, inclusive, lamentavelmente, razão para muitas pessoas preferirem trabalhar mais ao invés de se divertir mais.
Saber aproveitar o tempo livre com inteligência é muito mais prazeroso (2). Eis, em resumo, a vantagem de se ter um hobby. Quanto a isto, o poeta inglês William Cowper (1731-1800) disse: “falta de ocupação não é repouso, pois uma mente absolutamente vazia vive angustiada”.
Ou, segundo o ditado popular, “mente vazia é a ‘oficina do diabo’”.
(1): MASI, Domenico De. O Ócio Criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000
(2): RUSSELL, Bertrand. O Elogio ao Ócio. São Paulo: Sextante, 2002
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Emílio da Silva Neto
Dr. Eng. Industrial, Consultor/Conselheiro/Palestrante/Professor (*) Sócio da ‘3S Consultoria Empresarial Familiar’ (especializada em Processo Decisório Colegiado, Governança, Sucessão, Compartilhamento do Conhecimento e Constituição de Conselhos Consultivos e de Família). Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento
Curriculum Vitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3
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