“Felicidade profissional: tempo ou dinheiro?”

Foto: Elias Award

Por: Emílio Da Silva Neto

30/10/2020 - 03:10

Na escolha de um emprego, é claro que o salário importa. Afinal, todos têm contas a pagar e o trabalho, antes de tudo, é a única ou principal fonte de renda da maioria da população. Mas, além da remuneração, profissionais qualificados miram benefícios ao escolher empresas.

Na lista de desejos aparecem trabalho flexível e possibilidade de home office, conforme recente pesquisa Revelo/Estadão sobre o que faz uma empresa ser considerada a dos sonhos.

Entre as respostas, 69% apontaram – para todos os grupos de idade – o horário flexível e o home office como prioridade, o que deve se intensificar com o novo sistema híbrido crescendo, nada mais que a junção do modelo de trabalho online combinado com o offline.

Isto demonstra que as pessoas estão menos dispostas a investir o tempo delas somente ao resultado financeiro e uma visão de que é possível conciliar as coisas, não precisando abrir mão, tanto como antigamente, do tempo para o salário.

A partir deste modus operandi profissional, emergem prioridades ‘inegociáveis’, aquilo que se quer e não se quer fazer, num processo endógeno de autocentrismo, isto é, com uma linha de raciocínio voltada única e exclusivamente a si mesmo.

Algo uníssono: deve haver equilíbrio entre vidas pessoal e profissional. Ninguém funciona e se realiza se tiver que ficar 24 horas por dia dedicado ao trabalho.

A expressão “tempo é dinheiro” (do físico Benjamin Franklin, 1706-1790, baseado no filósofo grego Teofrasto, 372-288 a.C.), significando que para ganhar dinheiro é necessária uma demanda de tempo para conquistar poder monetário, torna o tempo um bem precioso a todo ser humano, inclusive àqueles que pensam nada ter.

Mas, muito mais que dinheiro, “tempo é vida”, pois viver é fazer escolhas, administrar o tempo e eleger prioridades. Ou seja, não se pode pensar no tempo como algo umbilical ao trabalho, necessário para ‘ganhar a vida’, isto é, algo a trocar por dinheiro.

Mesmo Marx, diretamente responsável por tanta desgraça no mundo, alertou para a chamada “alienação do trabalho”, com os três conceitos se confundindo, parecendo uma mesma realidade: tempo, trabalho e dinheiro.

Em suma, o tempo do trabalho tem que ser uma contribuição que mude/acrescente alguma coisa, mas nunca um mero encargo necessário, um tempo vendido e não integrante da vida livre.

Isto porque, concomitantemente à tempo é vida, dinheiro é reserva de valor ou meio de troca e trabalho é esforço para gerar valor, pois ‘ações no tempo não podem ser quantificadas só monetariamente, porque sua maior recompensa é … O próprio valor que geram.

Ou seja, “alienação do trabalho” é pensar que sua finalidade é destinada apenas à remuneração do esforço, e não à geração de valor. A utilidade social da pessoa é, indubitavelmente, seu maior valor e o dinheiro é uma expressão (um reconhecimento) deste valor acumulado.

Por outro lado, cultua-se o mito do ócio como ideal de vida, mas o trabalho continua sendo o caminho para atingi-lo.

Trabalha-se durante a semana para viver o fim de semana. Trabalha-se um ano para gozar as férias. E, depois de ‘ganhar a vida’ vendendo horas de seu trabalho, o trabalhador visualiza a aposentadoria como um éden de ócio, sem nada para fazer, com o tempo a “Deus-dará”.

Em síntese, tempo não é dinheiro. Conseguir dinheiro é que é uma questão de tempo. Tempo é vida. E o valor da vida não tem preço.

Outrossim, escolher algo implica abrir mão de outras opções. Se esta escolha for consciente e responsável, o valor de tudo aquilo de que se abre mão se transfere para aquilo que se escolheu fazer. É um ato de potência, de transferência de valor. Errado é fazer algo lamentando o que se deixa de fazer … por falta de tempo.

Foto divulgação | Emílio da Silva Neto

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Emílio da Silva Neto

Dr. Eng., Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor (*) Sócio da ‘3S Consultoria Empresarial Familiar’ (especializada em Processo Decisório Colegiado, Governança, Sucessão, Compartilhamento do Conhecimento e Constituição de Conselhos Consultivos e de Família). Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Curriculum Vitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3
Tese de Doutorado: http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2016/08/Em%C3%ADlio-da-Silva.pdf
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