“Família, família… Valores empresariais à parte?!”

Fonte Imagem: Abstracta

Por: Emílio Da Silva Neto

02/10/2020 - 04:10

Famílias cultuam valores, com origem nos primórdios vivenciais de seus antepassados, influenciando posturas, decisões e ações.

Alguns destes valores familiares são voltados à perfeição humana, outros ao cotidiano relacional com pessoas, contextos e ambientes.

No caso de “famílias empresariais”, aquelas que têm um negócio em comum (‘em família’), muitas vezes com razão social que remete ao sobrenome, estes valores devem impregnar positivamente o ambiente empresarial, pois sempre há muita virtude embutida em princípios lapidados ao longo de várias gerações.

Valores familiares na empresa alinham comportamentos e emolduram decisões e ações, com base em ética, honestidade e integridade.

E esta conexão não invalida a assertiva “emoção em casa, razão na empresa”. Une as vantagens do convívio íntimo familiar com a responsabilidade do desenvolvimento empresarial, sem manchas ao sobrenome.

O perigo do descolamento família-negócio surge quando, impropriamente, se transplanta, ao contexto em si, a expressão “amigos, amigos … negócios à parte”, pois há, sim, sempre, uma relação umbilical entre família e empresa familiar. Este rompimento (do ‘cordão’) significa, frequentemente, um desastre nas duas esferas.

A Odebrecht é exemplo da tragédia advinda da desconexão de valores. Depoimentos e documentos, apresentados em livro, revelam um pioneiro idealista e avesso à ancoragem de seus negócios no poder público.

Emil Odebrecht pisou no Brasil em 1856, com a roupa do corpo, contratado pelo colonizador Hermann Blumenau. Tinha 21 anos, habilidades de engenheiro e fazia mapas com extraordinária precisão. Com estes, inclusive, ajudou o Barão de Rio Branco na conquista de um naco de território na demarcação de limites com a Argentina.

Morreu em 1912, aos 77 anos, 56 dos quais no Brasil, desde o final do Império até a ditadura de Floriano Peixoto. Ouvia queixas de seu chefe, Doktor Blumenau, ainda no Império, de que só conseguia alguma coisa das autoridades em Florianópolis, se pagasse suborno, prática que Emil repudiava, conforme deixou nas cartas. Disto, proibiu os 15 filhos de entrarem no funcionalismo ou na política, lançando as bases da carreira da família na iniciativa privada.

Idealista, mal assumiu a nacionalidade brasileira, foi lutar na Guerra do Paraguai, como voluntário. Como recompensa, ganhou do Império vagas cativas para seus filhos no Colégio Militar do Rio de Janeiro, mas já conhecia tanto o Exército Brasileiro, que não aceitou a oferta.

Emil fez uma só viagem à terra natal, já aposentado. Logo voltou para Santa Catarina. Dizia gostar tanto daqui que não deu a nacionalidade de origem aos filhos. Queria-os “ajudando a desenvolver o Brasil”.

Após várias gerações, é difícil resgatar o ponto exato em que novo enredo – envolvendo poder, riqueza e indignidade – fez os Odebrecht deixarem de ajudar no desenvolvimento, para se tornarem saqueadores confessos dos cofres públicos, ignorando a honrosa trajetória de mais de 500 anos, desde a Pomerânia (hoje, Alemanha). Neste script desconectivo, a ‘cereja do bolo’ foi a denominação “Setor de Operações Estruturadas” à área da empresa, que operava as práticas ilegais de propinas.

Hoje, os cerca de 1.500 herdeiros de Emil, 100 deles ainda em Santa Catarina, sofrem pelo desvio de rota (capitaneado pela linhagem Edmund/Emílio2º/Norberto/Emílio3º/Marcelo), pois, com seu sobrenome Odebrecht “jogado no lixo”, a mancha ficará por muito tempo.

Enfim, quanto à desconexão entre valores familiares e empresariais, de Goethe em “Tragédia de Fausto”, obra metáforica sobre o preço do pecado, lembra-se que, por intuito nenhum, “vale vender a alma ao diabo”.

Foto divulgação | Emilio da Silva Neto

Disponível para compra na Grafipel, em Jaraguá do Sul. Também com dedicatória personalizada, diretamente com o autor.

Emílio da Silva Neto

Dr. Eng., Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor (*) Sócio da ‘3S Consultoria Empresarial Familiar’ (especializada em Processo Decisório Colegiado, Governança, Sucessão, Compartilhamento do Conhecimento e Constituição de Conselhos Consultivos e de Família). Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Curriculum Vitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3
Tese de Doutorado: http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2016/08/Em%C3%ADlio-da-Silva.pdf
Contatos: emiliodsneto@gmail.com | (47) 9 9977-9595 | www.consultoria3S.com

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Também, com dedicatória personalizada, diretamente com o Autor

EMÍLIO DA SILVA NETO

Industrial, Consultor/Conselheiro/Palestrante/Professor (*)

Sócio da ‘3S Consultoria Empresarial Familiar’

(Especializada em Processo Decisório Colegiado, Governança, Sucessão,

Compartilhamento do Conhecimento e Constituição de Conselhos Consultivos e de Família)

(*): Focos em ‘GOVERNANÇA (PROFISSIONALIZAÇÃO e SUCESSÃO) FAMILIAR’,

‘EMPREENDEDORISMO’ e ‘EXCELÊNCIA PROFISSIONAL’

 

Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento

Curriculum Vitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3

Tese de Doutorado

(UFSC Brasil, com estágio doutoral na Hochschule RheinMain Alemanha):

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