“Percepções da rotina de trabalho frente à pandemia do coronavírus”

Por: Informações jurídicas

25/06/2020 - 12:06 - Atualizada em: 25/06/2020 - 12:19

Uma pesquisa feita pelo Datafolha em maio exemplifica que 69% das pessoas entrevistadas acreditam que a pandemia do Coronavírus irá impactar a atividade produtiva e as relações de trabalho por muito tempo.

A realidade prova que as mudanças já são perceptíveis.

Mostra a prática que as negociações de condições específicas no contrato de trabalho serão mais corriqueiras entre empregador e empregado. A abertura trazida pelas Medidas Provisórias ratifica essa necessidade de atualização. As relações de trabalhos deixarão de ser um conjunto de regras gerais e fixas o que cria uma imprevisibilidade e múltiplas possibilidades.

O atual home office forçado revelou que é possível trabalhar em casa. Para melhor aproveitamento deste modelo o foco é a entrega e não a carga horária cumprida. Essa condição permite a contratação por demandas o que tende a ser uma crescente, reduzindo custos e permitindo ao prestador de serviços uma variação de tomadores do seu conhecimento.

Aquela trajetória conhecida de entrar em uma empresa e ir crescendo mostrou-se fragilizada diante da insegurança criada. Empregos não são permanentes e por isso uma variedade de rendas se tornou atrativa.

A terceirização e a mescla entre o modelo CLT e freelancer tende a se revelar uma tendência no mercado o que forçará, por exemplo, uma mudança de critérios no momento da análise de uma carteira de trabalho repleta e desfalcada de vínculos anteriores para fins de contratação.

E mais, estudos feitos pela Fundação Dom Cabral apontam que 86% das empresas devem manter o trabalho remoto após a pandemia, comprovando terem superado o medo em relação à falta de controle ou maior flexibilidade e o impacto na produção e entrega.

Isso porque as pessoas estão trabalhando mais. Um estudo do Centro de Inovação da FGV Easp esclareceu que 46% dos profissionais relataram aumento de carga das atividades no teletrabalho.

E as mudanças não param por aí. Estruturas físicas tendem a ser ajustadas e reduzidas. Reuniões de negócios envolvendo grande número de pessoas não se mostram necessárias. Haverá escolha das peças chave para melhor aproveitamento. Viagens serão pensadas. Almoços, happy hour e até mesmo expatriações tendem a ser avaliadas sob outros aspectos práticos.

A tecnologia prova que é possível ter o mesmo resultado sem necessariamente assumir custos e riscos. Basta mudar o ponto de vista.

E o relacionamento pessoal? As crises de depressão, ansiedade, solidão, sensação de não desconexão ao trabalho se intensificaram, mostrando também a importância e necessidade de uma boa gestão de pessoas neste novo normal.

O desafio? Criar um ambiente de trabalho motivador, colaborativo e de apoio à distância que possa trazer tranquilidade e segurança aos trabalhadores.

Em meio a um turbilhão de sentimentos novos, o mindset “People First” é essencial para uma boa gestão de pessoas. Essa realidade bate às nossas portas. Resiliência continua sendo a palavra de ordem.

Artigo elaborado pelo advogado Giocondo Tagliari Calomeno, pós-graduado em Direito do Trabalho e Previdenciário. Sócio do escritório Mattos, Mayer, Dalcanale & Advogados Associados, atuante na área trabalhista.