“Pilates, o outro lado da moeda”

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Por: Andreia Chiavini

06/04/2019 - 14:04

Você provavelmente fez, conhece alguém que faz ou um profissional que trabalha com Pilates. No Brasil, existe cerca de 35 mil estúdios de Pilates e diariamente abre ou fecha um. Mas a pergunta é, com tantos estúdios e opções de lugares para praticar os exercícios de Pilates, como saber se o lugar tem um profissional qualificado e capacitado para ensinar o método?

Hoje, bastam pouco mais de 60 horas, um investimento menor de 2 mil reais, uma plaquinha, alguns aparelhos e uma sala de aula para qualquer pessoa virar instrutor de Pilates.

Essas horas muito questionáveis são o suficiente para ganhar o título de instrutor de Pilates e oferecer exercícios com potencial de lesões sérias para adultos, gestantes, crianças e idosos.

Infelizmente não há diretrizes que norteiem a formação, como conteúdo programático ou carga horária. Mas vamos combinar, é impossível se tornar entendedor de algo em 60 horas aulas. Muito menos parar neste primeiro curso, como se já tivesse aprendido tudo.

O maior problema hoje é que os profissionais investem em um curso na promessa de estar apto a realizar atendimentos e não investem em mais nenhum curso, atualizações, reciclagem.

Alguns profissionais são formados, sem conhecer o básico do método que são os exercícios de solo que Joseph Pilates criou, o famoso (para uma pequena população de entendedores do método) Mat Pilates.

Existem profissionais sem condições mínimas para atuar ou ministrar cursos sobre o método, mal sabem entender o Pilates e tentam ensinar através de fotos em apostilas, aquele famoso cópia e cola.

No início de março vi uma publicação de uma profissional qualificada e muito conhecida no meio do Pilates, relatando o caso de uma aluna que caiu do aparelho após a instrutora pedir para ela realizar um exercício na bola, sobre o aparelho, que já é difícil fazer em solo. A consequência disso? Uma lesão medular.

Quer fazer acrobacias e loucuras perigosas para postar ok, mas escreve que é um risco, não é indicado para todos, que é preciso ter técnica e treinamento, da importância de o cliente jamais fazer algo assim sem supervisão de um profissional qualificado.

É muito sério isso que está acontecendo. O método é excelente para a reabilitação e também para o condicionamento físico, com evidencias cientificas comprovadas. Isso indica que quando as pessoas chegam as aulas, muitos praticantes já estão lesionados, com problemas de saúde e querendo amenizar a dor que sentem.

O Pilates foi enaltecido como remédio para problemas crônicos e o problema é quando o remédio acaba se tornando veneno. Vejo diariamente fotos e mais fotos sem propósito algum, a pessoa mal consegue ter equilíbrio numa perna só e está fazendo diversas piruetas pendurado no aparelho.

O método está se perdendo e o avançado sendo interpretado como difícil, onde o avançado é o entendimento do básico com a conexão do movimento o tornando evoluído. O Pilates deve proporcionar uma consciência do corpo, uma visão diferente do que a pessoa tinha de si mesma e um entendimento do movimento.

Quando o Pilates é ministrado por quem tem conhecimento, o limite individual de cada praticante é o ponto principal da aula. E não existem regras a serem seguidas, o caminho é o entendimento de cada caso e a junção de toda sabedoria para proporcionar o melhor atendimento.

Mas isso você só terá se o profissional que está te atendendo apresentar a essência do método através do movimento e lutar por uma conduta ativa e responsável com a sua saúde. Pilates não é brincadeira de criança, é coisa séria. Solicite a formação do instrutor.

Você já parou para pensar que está entregando seu corpo, a sua saúde nas mãos de pessoas que podem ter feito apenas um workshop, um curso de final de semana ou visto um DVD sobre Pilates e nada mais?