“Mãos que orientam”

Por: Andreia Chiavini

26/07/2019 - 11:07 - Atualizada em: 26/07/2019 - 16:34

É muito comum ver o instrutor demonstrando o exercício numa aula de Pilates. Esse é um dos vários motivos pelo qual o profissional deve praticar e vivenciar o método, para poder demonstrar da forma mais correta possível e dar ao aluno a ideia exata do que ele deve fazer.

Se este aluno for uma pessoa com dificuldades em se movimentar e com uma coordenação motora pouco estimulada, provavelmente sentirá dificuldade em executar até os movimentos mais simples e, com certeza, pensará que nunca vai conseguir fazer.

Orientar através do comando verbal é muito importante, além da audição estimulamos também a concentração e a imaginação. Tudo o que é ouvido deve se transformar em movimento, que é conduzido detalhadamente, desde a posição inicial até a transição para o próximo exercício.

Com o tempo, o aluno cria a habilidade de reconhecer o exercício pelo comando e de forma gradual irá se tornando cada vez mais fácil. Mas o Pilates não é somente uma réplica de exercício. É entendimento.

Além do estímulo verbal e visual, podemos usar outra ferramenta, o tato. Sim através do toque podemos orientar, organizar, conduzir, limitar, induzir o aluno ao movimento e criar oposição. Orientar com as mãos é tão importante que muitas vezes não é necessário reproduzir o exercício para que haja o entendimento dele.

O toque do instrutor não é só um toque. Ele reverbera na pele, nos vasos, nos nervos, nos músculos, no cérebro, é um efeito sistêmico, abordado em sua globalidade. O uso do toque é peça fundamental para a execução de um exercício, tanto para quem pratica quanto para quem orienta.

Tocar e receber o toque faz parte da busca pelo alinhamento ideal, da correção e serve como guia do corpo no espaço que ocupa. O tato compõe o que chamamos de sistema sensorial, responsável por enviar informações ao sistema nervoso central, que por sua vez, analisa e processa as informações recebidas.

Através de sensações táteis criamos elos significativos com as pessoas e através delas podemos exprimir toda uma gama de emoções conhecidas. Podemos usar as palavras para falar de sentimentos, mas é a nossa pele que dirá o que realmente sentimos.

O toque é uma linguagem e através dele nos comunicamos com o mundo externo e este se comunica conosco. Talvez, por isso, um abraço, um aperto de mão, um tapinha nas costas possam expressar mais do que simples palavras.

A eficácia do toque é rápida. O tempo de reação a um estímulo tátil é igual a metade do tempo de um estimulo visual, e no Pilates não é diferente.

É uma ferramenta preciosa de correção e quando usado adequadamente e com um propósito claro, conecta o aluno ao profissional, facilitando a aquisição de novos padrões de postura e organização de movimento.

Além de guiar, alinhar e corrigir, o toque tem virtudes que podem não só transformar o movimento de alguém, mas também sua presença, consciência e conexão.

De nada adianta, se o método é ensinado as pessoas como uma gama de exercícios a serem executados, sem que nenhum esforço pedagógico seja desprendido para orientar-lhes como funciona seu corpo.

Quando usada com respeito e sabedoria, essa ferramenta, as mãos, ajudam a transformar indivíduos, independente se estivermos atendendo uma, duas, três ou quatro pessoas ao mesmo tempo.

Eu sei que tocar foi, ainda é e sempre será a verdadeira revolução.” Nikki Giovanni.

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