Vida após a Hérnia discal

Por: Andreia Chiavini

24/03/2018 - 09:03

Esta semana, ouvi que uma pessoa descobriu que tem duas hérnias de disco na coluna lombar e que estava com dor e muito medo do diagnóstico. O que me preocupou foi quando fiquei sabendo que foi sugerido a ela repouso absoluto até que a dor cessasse. Está medicada há alguns meses, como que o repouso pode ajudá-la?

A falta de movimento em nossa rotina diária causa rigidez muscular, limitações articulares, fraquezas musculares, sobrecarga do sistema musculoesquelético, desequilíbrio muscular e postural. Essas alterações mecânicas geram pressão sobre os discos intervertebrais constantemente, provocando o deslocamento da parte central do disco para além de seus limites normais. Simplificando, o disco não resiste e ocorre a hérnia. Algo de errado aconteceu no corpo, surgem as dores, as limitações e até a falta de sensibilidade. As consequências de uma hérnia de disco são bastante graves e não devem ser ignoradas. Se a falta de mobilidade foi a causadora da hérnia, que na maioria dos casos leva alguns anos para acontecer, devolver a mobilidade perdida é a melhor solução. Com a dor surge o medo e a insegurança de se movimentar, eu também teria, mas vamos pensar que está tudo em desequilíbrio. Negligenciar o movimento que já está ausente no dia a dia não resolverá um problema que surgiu por falta dele.

O corpo precisa de liberdade para se movimentar com qualidade e sem amarras. É necessário que os profissionais tenham coragem e conhecimento para reabilitar através do movimento e também ensinar seus pacientes a se movimentarem durante as suas atividades diárias. O movimento deve ser seguro, sem modismos, sem receitas milagrosas, nem formulas prontas, são pessoas diferentes, mesmo quando a dor é no mesmo lugar. Estimular o repouso faz com que o paciente pague um preço muito alto. Eu tenho clientes que não sabiam a diferença entre ombro e cotovelo, se moviam sem consciência e não conheciam o próprio corpo.

Movimento é vida, movimento é cura, não quero criar um dogma, mas precisamos ter liberdade ao levantar ou deitar, sermos autossuficientes para irmos e virmos e termos uma vida feliz livres de lesões e dores. Não precisamos ficar inertes porque temos o diagnóstico de hérnia, existe vida lá fora e precisamos nos movimentar.