Diagnóstico não é destino

Por: Andreia Chiavini

10/02/2018 - 15:02 - Atualizada em: 14/05/2018 - 11:16

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: “Diga trinta e três”. Trinta e três… trinta e três… trinta e três… Respire. O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. Poema escrito por Manuel Bandeira, relatando sua tuberculose descoberta em 1904, ele sabia dos riscos que corria diariamente e a perspectiva de deixar de existir a qualquer momento. Ele faleceu aos 82 anos em 1968. Diagnostico é destino? Quando nos é dado um diagnóstico ruim, seja ele qual for, o primeiro momento é entrar num coma profundo e pensar: por que eu? O conflito interno, o desespero, a mágoa e a tristeza por estar vivendo este dia pode ser o segundo passo. Mas se parar para analisar, Manuel Bandeira viveu em uma época onde a medicina tratava a tuberculose com o repouso nas montanhas e esperava a sorte tocar. O que ele fez para que seu diagnóstico não fosse destino? Foi Sortilégio? Apesar da sua constância melancolia e um estilo mórbido, ele lutou, acreditou, tratou e, principalmente, esteve disposto à cura. Viveu longos 64 anos doente fisicamente, mas externou sua alma em poesia, manteve sua alma salubre, a cura começa de dentro para fora, nas nossas atitudes e reflexões. As doenças se iniciam de forma psicossomática, capazes de interferir no metabolismo e na dinâmica do corpo, produzindo sintomas e até influenciar no surgimento e piora de doenças já existentes, os sentimentos persistentes se transformam em físico. Em uma palestra ouvi uma frase que se encaixa devidamente com este pensamento, a saúde é a perfeita harmonia com a alma. Tocar um tango e esperar a indesejada chegar? Não, jamais. Quando a vida te colocar em situações difíceis, não fale “por que”? Fale, “me desafie”! Afinal, diagnostico não é destino.