É notório que o excesso de açúcar é prejudicial para todo o organismo, inclusive para o cérebro, favorecendo doença dos pequenos vasos cerebrais, aumento o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e de demência. Um estudo publicado em 2019 no jornal Clinical Interventions in Aging mostrou a influência desta substância na cognição.
Desde meados de 2010 pesquisas científicas sugerem que o alto consumo de açúcar causa inflamação no cérebro, levando a dificuldades de memória e favorecendo o aparecimento de doenças neurodegenerativas. A glicemia (açúcar no sangue) persistentemente alto resulta em redução da função cerebral e déficits de memória e atenção que podem evoluir para quadros demenciais.
Neste ensaio clínico de 2019, a análise da ingestão alimentar foi obtida por meio de um questionário de histórico alimentar de 7 dias e complementada com um questionário de frequência alimentar para adição de açúcar com 1.209 sujeitos com idade acima de 60anos. Segundo os autores, a maior ingestão de açúcares totais – açúcares livres, sacarose, lactose, bebidas adoçadas com açúcar, bolos adoçados com açúcar e sobremesa – foi significativamente associada a uma pontuação mais baixa em um teste de triagem para declínio cognitivo, o chamado Mini-Exame do Estado Mental. Por outro lado, os indivíduos que consumiram alimentos saudáveis, como legumes, frutas, e pouco açúcar, obtiveram uma melhor pontuação.
O açúcar é amplamente consumido no Brasil, cerca de 14% do total de energia, sendo que a OMS recomenda o consumo de até 10%. A questão é que na maior parte das vezes não contabilizamos o açúcar que está presente nos refrigerantes, no suco de caixinha adoçado, no iogurte adoçado, nas balinhas, na cerveja, no pão francês, no macarrão, no arroz. E fica oculto nos rótulos de vários alimentos quando descrito: maltodextrina, sacarose, caramelo, amido, xarope de milho, xarope de malte, xarope de guaraná, entre outros. E como reduzir o consumo de açúcar? Usar outros alimentos naturais para adoçar as preparações como tâmaras, bananas e frutas secas. Realizar uma reeducação do paladar, ou seja, desacostumar gradativamente ao excesso do sabor doce. E por último utilizar adoçantes saudáveis como eritritol, stévia e taumatina.
O consumo excessivo de açúcar e carboidratos refinados demonstra estar relacionado à menor função cognitiva, enquanto uma alimentação rica em vitaminas, minerais e compostos bioativos presentes em frutas e vegetais oferece uma ação benéfica e neuroprotetora à saúde cerebral. Portanto, cuide muito bem do seu corpo alimentando-se bem, dormindo um sono de qualidade, cuidando do seu estado emocional e praticando atividades físicas regularmente. O seu cérebro agradece.
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