Todo mundo erra. Todo mundo eventualmente mente, ou trapaceia, ou machuca alguém com palavras ou ações. Às vezes é por distração, não percebemos o quanto ferimos. Às vezes por falta de inteligência ou sabedoria, não conseguimos prever as consequências das ações.
Outras vezes por conveniência, quando sabemos que vamos ter algum benefício e uma chance de não sermos pegos. Em maior ou menor grau, todo mundo erra. O que é errado em si varia com a moral de cada um, e é um assunto muito complexo para um texto assim.
Vergonha, culpa, responsabilidade, são todas palavras comumente associadas a erro, ou coisas que percebemos como erros, mas as três são bastante diferentes entre si.
Vergonha, nesse contexto, se relaciona com a descoberta, tanto ser descoberto no erro, ou ter medo de ser descoberto fazendo algo errado, tem a ver com como os outros nos percebem. É possível sentir vergonha de uma coisa que não consideramos errada, simplesmente porque a sociedade à nossa volta nos condena, e sendo este o caso, pode ser bom buscar ajuda profissional para se desvencilhar destes sentimentos.
Culpa é um sentimento prolongado, um desejo de ter feito ou deixado de fazer algo específico, e que este ato poderia e deveria ter sido feito diferente. Também nos faz pensar que a situação se apresentando novamente, teremos o poder de fazer diferente. A culpa, como tão bem diz Julio Waltz no seu livro “O Sentimento de Culpa”, é um sentimento inútil, que não constrói, e está no cerne de muito sofrimento mental.
Responsabilidade é uma postura de assumir seus desejos, ações e consequências destes com honestidade consigo mesmo, e com os demais.
Sentir-se culpado não é sentir-se responsável. Bem pelo contrário, muita gente culpada também é culpada crônica, reincidente. A culpa é o preço que a pessoa paga para continuar a se autorizar a fazer o que ela quer e considera errado. A pessoa, em conflito, não consegue nem assumir o seu desejo “sim, é isso mesmo que quero, e aceito as consequências”, nem renunciar ao desejo “eu gostaria, mas não vou fazer pois não quero as consequências”.
O culpado continua fazendo o que lhe faz sentir culpado, e depois vem o sentimento de culpa como uma autopunição, como um açoitar as próprias costas em penitência, mas sem assumir o erro a quem possa interessar, nem se comprometer a tratar nem causas nem consequências.
O caminho para livrar-se de culpa passa pelo autoconhecimento, que implica em se olhar de frente, e se posicionar em frente ao seu desejo, sua ética, e às pessoas em sua vida. Ninguém é perfeito, e uma vida responsável não é livre de remorso.
Todos podem se arrepender de uma ação, fala, e se sentir mal com isso. Mas podemos aprender a aceitar nossas escolhas com responsabilidade, ou esperar que o nosso sofrimento magicamente apague nossos erros.
E esse tipo de mágica simplesmente não existe.
Francisco Hertel Maiochi – Espaço Ciclos
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