A paralisação nacional dos caminhoneiros autônomos chega ao terceiro dia com pelo menos 46 bloqueios aos veículos de carga em rodovias catarinenses. Alguns pontos de manifestações encerraram e outros novos foram organizados entre a tarde terça-feira e a manhã desta quarta-feira (23).
A Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc) já orientou as empresas a liberarem os funcionários para evitar confronto nos pontos onde ocorrem as manifestações.
A Cooperativa Central Aurora Alimentos, no Oeste do Estado, paralisou as atividades da indústria de processamento de aves e suínos por causa da greve dos caminhoneiros. No anúncio feito no final da tarde de terça-feira (22), a empresa informou que o trabalho ficou inviável sem transporte.
A Centrais de Abastecimento do Estado de Santa Catarina (Ceasa/SC) informou ao OCP News que já começou a sentir os efeitos da paralisação do transporte na oferta de hortifrútis.
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O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de Florianópolis (Sindópolis), Joel Fernandes, acredita que os estoques de combustíveis dos postos deve começar a terminar a partir desta quarta-feira (23).
“Todos os dias, os postos tem que receber um caminhão de gasolina, no máximo, a cada dois dias. O estoque é pequeno. A situação que o Brasil vem vivendo há algum tempo está chegando nesse estágio aí, não tem uma luz no fim do túnel (diante da falta de cenário político)”, avaliou o vice-presidente.
Além de começar a sentir os efeitos da paralisação, os postos também sofrem com o descontrole do preço do combustível. Segundo Fernandes, pelo menos dez postos já fecharam na Capital por causa dos constantes aumentos nos preços, o que faz com o que as unidades trabalhem com baixa margem de lucro para não perder o cliente.
“(A Petrobrás) altera o valor todo dia. No último mês, (o combustível) subiu R$ 0,28, hoje baixou só R$ 0,04. A categoria está entrando em falência generalizada. Essa situação não é pontual, vem ocorrendo há alguns anos, agora acentuou. Se continuar assim, vamos ter que vender a gasolina com o mesmo preço de São Paulo (R$ 5,10)”, avaliou Fernandes.
A Justiça Federal também se manifestou sobre a paralisação e concedeu liminar à Advocacia-Geral da União (AGU), na terça-feira (22), impedindo o movimento dos caminhoneiros de obstruir totalmente as rodovias federais em Santa Catarina. Porém, a decisão não proibiu o exercício da paralisação, desde que o tráfego dos veículos fosse respeitado.
Confira os pontos das paralisações:
Região Sul
- Imbituba (entre os km 281 da BR-101): Manifestação fora da rodovia.
- Imbituba (entre os km 282 da BR-101): Manifestação fora da rodovia.
- Tubarão (km 342 da BR-101): Veículos de carga convidados a parar;
- Jaguaruna (km 354 da BR-101: Tratores estão obstruindo pista da direita de ambos os sentidos. veículos de carga são convidados a parar;
- Araranguá (km 421 da BR-101): Veículos de carga são convidados a parar;
- Maracajá (km 402 da BR-101): Veículos de carga são convidados a parar.
Vale do Itajaí
- Itajaí (km 116 da BR-101): Veículos de carga convidados a parar.
- Naveganges (km 7 da BR-470): Veículos de carga convidados a parar.
- Navegantes (km 11 da BR-470): Veículos de carga convidados a parar.
- Indaial (km 68 da BR-470): Veículos de carga convidados a parar.
- Petrolândia (km 296 da SC-110): Bloqueio de caminhões de carga.
- Gaspar (km 47 da BR-470): Veículos de carga são convidados a parar.
- Apiúna (km 100 da BR-470): Veículos de carga são convidados a parar.
- Ascurra (km 90 da BR-470): Veículos de carga convidados a parar.
Planalto Norte e Norte
- Joinville (km 26 da BR-101): Veículos de carga são convidados a parar.
- Araquari (km 21 da BR-280): Veículos de carga são convidados a parar.
- Araquari (km 75 da BR-280): Veículos de carga são convidados a parar.
- Mafra (km 7 da BR-116): Veículos de carga são convidados a parar.
- Rio Negrinho (km123 da BR-280): Veículos de carga são convidados a parar.
- Canoinhas (km 231 da BR-280): Veículos de carga são convidados a parar.
- Canoinhas (km 235 da BR-280): Veículos de carga são convidados a parar.
- Santa Tereza (km 375 da SC-350): Bloqueio de caminhões de carga.
- Garuva (entre os kms 0 e 11 da SC-417): Manifestação às margens da rodovia.
- Itapoá (entre os kms 17 e 22 da SC-416): Manifestação às margens da rodovia.
- São Bento do Sul (km 123 da BR-280): Veículos de carga são convidados a parar.
- Irineópolis (km 268 da BR-280): Veículos de carga são convidados a parar.
Região Serrana
- Santa Cecília (km 138 da BR-116): Veículos de carga convidados a parar.
- Lages (lm 245 da BR-116): Veículos de carga convidados a parar.
- Campos Novos (km 344 da BR-282): Veículos de carga convidados a parar.
- Correia Pinto (km 217 da BR-2116): Veículos de carga convidados a parar.
- Curitibanos (km 247 da BR-470): Veículos de carga convidados a parar.
- Curitibanos (km 249 da BR-470): Veículos de carga convidados a parar.
- Curitibanos (km 252 da BR-470): Veículos de carga convidados a parar.
Oeste e Meio Oeste
- Nova Erechim (km 571 da BR-282): Veículos de carga convidados a parar.
- Xanxerê (km 502 da BR-282): Veículos de carga convidados a parar.
- Maravilha (km 606 da BR-282): Veículos de carga convidados a parar.
- Palma Sola (km 11 da SC-161): Manifestação às margens do trevo.
- São Miguel do Oeste (SC-169): Manifestação às margens das rodovias.
- São Miguel do Oeste (km 645 da BR-282): Manifestação às margens das rodovias.
- São Lourenço do Oeste (km 4 da SC-157): Manifestação às margens da rodovia.
- Tangará (km 140 da SC-135): Bloqueio com liberação de veículos com cargas vivas e automóveis.
- Videira (km 119 da SC-135): Bloqueio com passagem de veículos de emergência, escolares e de utilidade pública.
- Fraiburgo (km 29 da SC-355): Manifestação às margens da rodovia.
- Concórdia (km 97 da BR-153): Veículos de carga convidados a parar.
- Catanduvas (km 406 da BR-282): Veículos de carga convidados a parar.
Grande Florianópolis
- Biguaçu (SC-407): Bloqueio de caminhos ao acesso à distribuidora da Petrobrás
As reivindicações
A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) protocolou na última segunda-feira (14), ofício para cobrar medidas do governo Federal em função do aumento das refinarias e dos impostos que recaem sobre o óleo diesel.
“As recentes paralisações feitas em diversas rodovias do país refletem o desespero e a insatisfação da categoria, que não têm seus pleitos ouvidos pela Governo. Além da correção quase que diária dos preços dos combustíveis realizado pela Petrobrás, que dificulta a previsão dos custos por parte do transportador, os tributos PIS e Cofins, majorados em meados de 2017 com o argumento de serem necessários para compensar as dificuldades fiscais do Governo, são o grande empecilho para manter o valor do frete em níveis satisfatórios”, divulgou a Abcam.
A associação defende ainda que a redução dos tributos poderia impactar em queda nos custos da produção agropecuária, no preço do frete dos alimentos e nas tarifas do transporte em geral, o que beneficiaria a população.
No documento protocolado na Presidência da República e na Casa Civil, a Abcam sugeriu a “criação de um Fundo de Amparo ao Transportador Autônomo, destinado ao custeio de um programa para aquisição de óleo diesel, ou um sistema de subsidio para aquisição de óleo diesel por parte dos transportadores autônomos”.