Deputado estadual Antídio Aleixo Lunelli
O Brasil precisa de líderes comprometidos com o futuro, não com as manchetes do dia.
O Brasil precisa de políticos que pensem na próxima geração, e não apenas na próxima eleição. O tarifaço de 50% imposto pelo ex-presidente Donald Trump contra as exportações brasileiras escancara como disputas políticas e ideológicas, quando mal conduzidas, acabam penalizando diretamente quem trabalha e produz.
A medida, anunciada para entrar em vigor em 1º de agosto, ameaça milhares de empregos, principalmente em estados exportadores como Santa Catarina, e afeta cadeias produtivas inteiras – do agronegócio à indústria têxtil, passando pela aviação e pela metalurgia. Segundo estudo da CNI, os efeitos econômicos podem ser dramáticos: até R$ 52 bilhões em perdas nas exportações, redução de 0,16 ponto percentual no PIB e mais de 110 mil empregos em risco.
O mais grave, no entanto, é o motivo alegado por Trump: ele acusa o STF de censura às big techs americanas e critica a condução dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, trata-se de uma decisão com motivação política clara, usada como instrumento de pressão e retaliação. Não é razoável que o trabalhador brasileiro seja punido por um embate institucional que deve ser resolvido aqui, com equilíbrio e dentro da legalidade.
E preciso afirmar com todas as letras: como político de direita, empresário e defensor da liberdade, sou contra a forma como muitos réus do 8 de janeiro vêm sendo tratados, mas acredito que isso deve ser discutido com seriedade no Congresso e no Judiciário – e nunca servindo de pretexto para ameaças externas ou desestabilização da economia. O Brasil deve fortalecer suas instituições, garantindo o devido processo legal e evitando qualquer tipo de arbitrariedade. Mas isso deve acontecer com responsabilidade, sem colocar em risco a vida das pessoas nem os empregos de milhões de brasileiros.
A opinião pública já percebeu o absurdo da tarifa: pesquisas mostram que mais de 70% dos brasileiros são contra a decisão de Trump e defendem uma reação firme, porém diplomática. A população quer paz institucional e foco em soluções concretas – e não novos palanques eleitorais – entre Lula e Bolsonaro – travestidos de patriotismo de ocasião.
Infelizmente, o governo Lula tem reagido com improviso e discurso ideológico, sem apresentar um plano real de proteção às empresas brasileiras. Enquanto o PT se ocupa em culpar adversários e construir narrativas, o setor produtivo está à deriva. Não há articulação com o Congresso americano, nem mobilização diplomática eficiente junto à Câmara de Comércio dos EUA. Mais uma vez, o governo parece mais preocupado em manter o clima de confronto político do que em garantir estabilidade econômica para quem gera empregos no Brasil.
A reação precisa ser firme, mas racional. Acima de tudo, precisamos recuperar o bom senso. Comércio não pode virar campo de batalha ideológica. Relações internacionais devem proteger interesses do povo – e não os de políticos obcecados pela próxima eleição. O Brasil tem força, tem mercado e tem credibilidade. Mas para isso, precisa de líderes comprometidos com o futuro, não com as manchetes do dia.