Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Doença de Crohn afeta mais de 10 milhões de pessoas no mundo

Foto: Freepik

Por: Priscila Horvat

29/05/2025 - 11:05 - Atualizada em: 29/05/2025 - 11:53

As doenças inflamatórias intestinais (DII) são caracterizadas por inflamação crônica que acometem os intestinos, mas podendo afetar qualquer parte do trato digestivo e se apresentam, essencialmente, de duas formas: a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn (DC). A DC caracteriza-se por uma inflamação crônica, de caráter recorrente, que pode acometer da boca ao ânus, com frequente comprometimento da região ileal (parte final do intestino delgado), e com maior predominância entre 20 e 40 anos de idade, com forte impacto na qualidade de vida e na atividade social, laboral e econômica.

A maioria dos pacientes apresenta dor abdominal e/ou diarreia crônica (mais de 4 semanas), podendo haver muco ou sangue nas fezes e perda de peso. Cerca de 25 a 50% dos pacientes podem apresentar manifestações extraintestinais (nas articulações, pele e olhos, principalmente).

Segundo Matheus Freitas Cardoso de Azevedo, doutor em Gastroenterologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), médico assistente da Divisão de Gastroenterologia e Hepatologia Clínica do Hospital das Clínicas da FMUSP, integrante do Núcleo de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital Sírio-Libanês e coordenador do Núcleo de Gastroenterologia da clínica EVCITI, apesar de não ter cura e podendo apresentar desafios e dificuldades, é possível que uma pessoa acometida pela DC possa levar uma vida normal com o tratamento adequado e as estratégias eficazes de autocuidado, promovendo, assim, uma melhor qualidade de vida.

“Alguns pacientes com DC podem evoluir com complicações, como estenoses (estreitamentos no intestino que impedem a passagem dos alimentos) e fístulas (comunicação anormal entre duas ou mais estruturas do corpo que, em condições normais, não comunicam entre si), principalmente na região próximo ao ânus”, alerta dr. Matheus.

Para isso, a importância de buscar a ajuda médica logo os primeiros sintomas para uma avaliação de diversos fatores com exames laboratoriais que irá analisar os índices de anemia, deficiência de ferro, vitamina B12, alteração nas provas inflamatórias, calprotectina fecal; exames endoscópicos, especialmente a colonoscopia com estudo anatomopatológico das biópsias intestinais compatíveis com DC e exames radiológicos compatíveis com DC (ultrassonografia intestinal, tomografia computadorizada ou ressonância magnética).

Causas e tratamentos da Doença de Crohn

Até o momento, não sabemos ao certo a causa das DII, entretanto os estudos sugerem etiologia multifatorial. Parece ser resultante de uma interação complexa entre fatores genéticos, fatores ambientais e a microbiota (flora) intestinal”, diz o gastroenterologista. Há pessoas, geneticamente predispostas, que quando em contato com algum fator ambiental específico desconhecido, pode desenvolver uma inflamação descontrolada, possivelmente causada por um desequilíbrio do sistema imunológico (de defesa).

Segundo Dr. Matheus, alguns estudos apontam para maior risco da DC em pacientes expostos a antibióticos de forma recorrente na infância. Em casos assim, a amamentação pode ser um fator protetor para DII em bebês. Outra causa muito comum em países desenvolvidos é o consumo de alimentos industrializados, ricos em xenobióticos (ex: conservantes, corantes e aditivos), alimentos ultraprocessados, gordura saturada e carboidratos simples. Pessoas que consomem muito este tipo de alimento estão sob maior risco em desenvolver a DC.

De fato, a DII ocorre mais comumente com a ocidentalização do estilo de vida e da dieta, a mudança de hábitos alimentares e tabagismo (está associado a maior risco de desenvolvimento de DC). “Vale ressaltar que atualmente observa-se um aumento importante da prevalência da DC em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil”, adverte Martheus.

Embora a Doença de Crohn não tenha cura, existem várias opções de tratamento disponíveis para controlar os sintomas, a inflamação intestinal e prevenir complicações.Os pacientes com DC podem, atualmente, com os tratamentos vigentes e acompanhamento com médicos e equipe multidisciplinar especializada, desfrutar de uma vida normal, especialmente, naqueles pacientes diagnosticados precocemente e o tratamento adequado instituído nas fases iniciais da doença”, afirma o médico especialista.

Além do tratamento com medicamentos e acompanhamento médico, a dieta desempenha um papel muito importante no tratamento dessa patologia, uma vez que certos alimentos podem agravar os sintomas e deverão ser evitados em momentos distintos da doença. A dieta pode ser um adjuvante ao tratamento farmacológico da DC para o controle dos sintomas e da inflamação intestinal.

Em muitos casos, é fundamental o acompanhamento com nutricionista especialista em DII, no intuito de melhorar orientação nutricional de acordo com a apresentação da doença e prevenção de deficiências nutricionais. De uma forma geral, os pacientes com DC devem manter dieta rica em fibras, frutas, vegetais e proteínas (dieta mediterrânea), além de evitar alimentos gordurosos, carboidratos simples, alimentos processados e ultraprocessados. “Os pacientes devem seguir um estilo de vida saudável, praticando atividade física, preservando a qualidade do sono, evitando tabagismo, excesso de bebidas alcoólicas e manutenção da saúde mental”, complementa.

Para finalizar o especialista orienta: “se você está enfrentando a doença, lembre-se de que não está sozinho e que existem recursos disponíveis para ajudar no manejo e tratamento dessa condição. Não hesite em buscar ajuda e orientação de um profissional especializado.”

Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Priscila Horvat

Jornalista especializada em conteúdo de saúde e puericultura.