De acordo com um estudo da Fundação Oswaldo Cruz de 2023, cerca de 72% dos brasileiros sofrem com distúrbios do sono. Estudos científicos confirmam que dormir bem é fundamental para a saúde do cérebro, pois ajuda a processar informações, consolidar memórias, e eliminar toxinas. Dormir mal pode aumentar o risco de problemas de saúde e até fazer com que o cérebro ‘coma’ a si mesmo.
A neurocientista da BrainEstar, Drª Emily Pires, explica que a privação de sono ativa um processo conhecido como astrocytic phagocytosis e microglial activation, em que as células de suporte cerebral, como os astrócitos e a micróglia, começam a degradar sinapses e partes dos neurônios em um processo semelhante ao “autocanibalismo”.
“Esse processo acontece porque o cérebro entende que há acúmulo de detritos sinápticos e tenta se ‘limpar’, ainda que de forma excessiva, o que pode causar uma perda funcional. Dormir mal também compromete o funcionamento do hipocampo (memória), do córtex pré-frontal (tomada de decisão) e da amígdala (respostas ao estresse). Isso leva a lapsos de memória, impulsividade, reatividade emocional e a menor capacidade de julgamento”, explica a neurocientista, acrescentando que a falta de sono pode aumentar o risco de doenças.
“A privação crônica pode estar relacionada ao acúmulo de proteínas beta-amiloides, envolvidas na fisiopatologia do Alzheimer, além de gerar inflamação cerebral, estresse oxidativo e redução da neurogênese. Com o tempo, isso aumenta o risco de demência, depressão e declínio cognitivo precoce”, comenta.
O diretor técnico da BrainEstar, professor Faria Pires, ressalta que uma das formas de melhorar a performance do cérebro, a qualidade do sono e o bem-estar é por meio do treinamento com o ‘neurofeedback’.
“O neurofeedback é uma técnica que envolve a medição da atividade elétrica do cérebro, geralmente por meio de um eletroencefalograma (EEG), com o objetivo de treinar o cérebro para melhorar seu funcionamento. Ele é utilizado em diversas condições e também para melhorar a performance cognitiva e emocional”, relata Faria Pires.
- Aprenda a fazer a higiene do sono para dormir melhor
- Aprenda a forma correta de lavar seus travesseiros
- Guia completo para manter a higiene do seu colchão
A técnica tem se mostrado eficaz para melhorar parâmetros de qualidade do sono, especialmente em pessoas com insônia ou padrões disfuncionais de ondas cerebrais, como excesso da onda beta ou déficit de alfa. Entre os seus benefícios está a otimização do funcionamento cerebral, o aumento da concentração, do foco, a redução do estresse, da ansiedade e a melhora do sono.
“O neurofeedback atua justamente em áreas como o córtex pré-frontal, o tálamo e o sistema límbico, que estão diretamente relacionados à regulação do sono, do estresse e da atenção. Por meio da autoregulação das ondas cerebrais, é possível modular a atividade dessas regiões, melhorando o equilíbrio neurofisiológico. Treinar o cérebro é fundamental para alcançar estados de relaxamento profundo, contribuindo para a indução do sono e para sua manutenção”, afirma o professor.