O consumo desenfreado de redes sociais e conteúdos digitais está deixando de ser apenas uma preocupação cultural para se tornar um problema de saúde pública. Estudos recentes indicam que o uso excessivo de telas está associado a uma redução na massa cinzenta do cérebro, prejudicando funções como memória, atenção e controle de impulsos.
Segundo uma pesquisa divulgada pelo jornal The Guardian, o termo popular “cérebro podre” — eleito palavra do ano de 2024 pelo Dicionário Oxford — não é apenas uma metáfora: ele reflete alterações reais no cérebro causadas pelo consumo compulsivo de conteúdos superficiais, como vídeos curtos, fake news e entretenimento sem propósito crítico.
Cientistas analisaram 27 estudos de neuroimagem e descobriram que o uso descontrolado da internet pode diminuir o volume de áreas cerebrais ligadas à tomada de decisões e ao controle de impulsos. Os efeitos, segundo os especialistas, são comparáveis aos observados em dependências químicas, como álcool e drogas.
Além disso, um estudo da revista Nature aponta que pessoas com problemas de saúde mental têm mais propensão a consumir conteúdos de baixa qualidade, criando um círculo vicioso que agrava ainda mais os sintomas.
Juventude em risco
Os jovens são especialmente vulneráveis. Uma análise de 2021 da ONG Common Sense Media revelou que pré-adolescentes passam, em média, 5 horas e 33 minutos por dia em frente às telas, enquanto adolescentes ultrapassam 8 horas e 39 minutos.
No ambiente escolar, 84% dos professores australianos entrevistados pelo Instituto Gonski relataram que a tecnologia digital é uma grande distração nas salas de aula.
Especialistas sugerem algumas soluções práticas, como:
- Limitar o tempo de uso de telas, criando horários específicos para atividades online;
- Priorizar conteúdos educativos ao preferir consumir informações com profundidade e evitar plataformas que incentivam a rolagem infinita;
- Investir em atividades físicas e sociais, como esportes e encontros presenciais, que são importantes para o equilíbrio mental.
Em uma era dominada pela tecnologia, o desafio não é apenas reconhecer os riscos, mas agir para proteger a saúde mental e preservar as funções cognitivas em meio à enxurrada de estímulos digitais. Afinal, o mundo real também merece nossa atenção.