Nos grandes centros urbanos do Brasil, como São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, milhares de terrenos abandonados se espalham pelas cidades, tornando-se espaços ociosos. De acordo com o Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só na capital paulista há 588.978 imóveis particulares desocupados sem moradores, por exemplo.
Esses terrenos impedem o desenvolvimento de novas construções e também contribuem para a degradação urbana, afetando a infraestrutura e a atratividade da região para novos investimentos.
O abandono de terrenos é frequentemente causado por heranças mal resolvidas, burocracias documentais, alta tributação de propriedades e a falta de incentivos econômicos para sua utilização. Essa situação gera implicações sociais e econômicas significativas, como a desvalorização do entorno, aumento da insegurança e desperdício de oportunidades de crescimento urbano e geração de emprego.
Além disso, os terrenos abandonados representam desafios para a gestão urbana. Eles se tornam áreas sem manutenção, favorecendo a ocupação indevida de um grupo de moradores, ou o acúmulo de lixo e a proliferação de doenças, e, em alguns casos, até são utilizados para atividades ilícitas, o que agrava os problemas de segurança pública.
Isso resulta em uma redução da qualidade de vida nas comunidades locais e impacta negativamente a infraestrutura e os serviços públicos, que acabam sobrecarregados.
Contudo, a tokenização de ativos imobiliários surge como uma solução inovadora para revitalizar esses terrenos. Na opinião de Rafael Pimenta, CEO da Aluguel Virtual, esse formato de rentabilização do bem imóvel transforma propriedades físicas, como terrenos, em ativos digitais imobiliários, que representam frações do imóvel e podem ser negociados em plataformas digitais.
“Para os proprietários, isso significa a possibilidade de monetizar o bem sem precisar vendê-lo ou ocupá-lo fisicamente. Os benefícios da tokenização incluem maior liquidez, acesso a novos investidores e a valorização de áreas subutilizadas”, define o executivo.
De acordo com Pimenta, a tokenização pode atrair investidores que, de outra forma, não teriam interesse ou capacidade financeira para investir diretamente em grandes propriedades. Isso permite que áreas abandonadas ganhem novo uso e, ao mesmo tempo, também gera receita e incentiva o desenvolvimento urbano e, consequentemente, cria oportunidades de emprego, impulsiona o comércio local e contribui para a segurança e a melhoria da qualidade de vida das comunidades próximas.
“Para garantir a segurança de proprietários e investidores nesse processo, é essencial que a tokenização seja realizada por uma empresa que siga as regulamentações previstas em lei. Algumas empresas já estão atuando nesse segmento, transformando terrenos urbanos em fontes de renda passiva”, esclarece Rafael.
Segundo o CEO, o setor imobiliário tem demonstrado um interesse crescente pela tokenização, especialmente pelo potencial de liquidez que essa abordagem oferece. No entanto, ainda existem desafios a serem superados, como a falta de conhecimento sobre o processo e resistências burocráticas.
A tokenização de terrenos é um processo que transforma um imóvel físico em frações digitais, chamadas tokens, que podem ser negociadas em plataformas digitais (como criptomoedas), sendo algo atrativo tanto para proprietários quanto para investidores.
“Cidades como Nova York e São Francisco têm explorado a tokenização como uma forma eficaz de revitalizar áreas subutilizadas, mostrando que a tecnologia pode transformar imóveis esquecidos em ativos rentáveis”, enfatiza Pimenta ao exemplificar a atuação da Aluguel Virtual em São Paulo, onde terrenos abandonados há anos foram tokenizados, atraindo investimentos e gerando receita para os proprietários, ao mesmo tempo em que melhoraram o ambiente urbano local. Assim, terrenos abandonados não são mais apenas espaços ociosos, mas sim uma nova fonte de renda e oportunidades para o desenvolvimento das cidades.