Pais e a transferência de frustrações

Foto: Freepik

Por: Dr. Hugo Martins de Oliveira

02/09/2024 - 16:09

Pais com um perfil narcisista frequentemente colocam suas próprias necessidades acima de tudo, muitas vezes sem perceber o impacto que isso causa nos filhos, sempre levando as suas demandas.

A busca constante por validação, a falta de empatia e a manipulação emocional são características comuns. Falas típicas de chantagem emocional e manipulação incluem:

“Depois de tudo o que fiz por você, é assim que você me trata?”

Essa frase gera culpa e faz com que o filho se sinta em dívida constante.

“Você nunca vai ser nada sem mim.”

Diminui a autoestima do filho e cria uma dependência emocional.

“Eu sei o que é melhor para você.”

Desconsidera a autonomia e os desejos do filho, impondo controle.

“Se você realmente me amasse, faria o que eu quero.”

Condiciona o amor à obediência, manipulando as emoções do filho.

“Você está me envergonhando.”

Utiliza a vergonha como ferramenta para controlar o comportamento do filho.

“Eu sou seu pai/mãe, você me deve respeito.”

Exige respeito incondicional, sem reciprocidade ou consideração pelos sentimentos do filho.

“Você está exagerando, isso não é nada.”

Minimiza os sentimentos e experiências do filho, invalidando suas emoções.

“Ninguém vai te amar tanto quanto eu.”

Cria a ideia de que o filho não encontrará apoio ou amor fora da relação com o pai/mãe.

“Você é muito ingrato(a).”

Coloca o filho como culpado, ignorando os próprios erros ou falta de cuidado.

“Eu só estou fazendo isso pelo seu bem.”

Justifica comportamentos controladores ou abusivos como sendo para o benefício do filho.

Quais frases você ouviu ou ouve com frequência? Esses pais podem competir com os filhos, impondo expectativas irrealistas e controlando suas vidas de forma sutil. Isso pode criar um ambiente tóxico, onde os filhos nunca se sentem à altura, perpetuando um ciclo de frustração.

Aquela sensação de que nunca estão satisfeitos e sempre exigem mais se torna uma fonte inesgotável de sofrimento, gerando sobrecarga e desgaste. A situação se agrava quando os pais levam esse comportamento ao nível conjugal, compartilhando suas frustrações com os filhos e gerando alienação emocional em relação a uma das figuras parentais, enquanto rejeitam a outra.

Isso reflete uma ferida que é replicada e passada para a próxima geração. Pergunta para reflexão: Como identificar se você, como filho, está sendo manipulado emocionalmente, e como quebrar esse ciclo?

A inversão de papéis e o impacto no crescimento pessoal

Em algumas famílias, os filhos assumem o papel de cuidadores dos pais, muitas vezes devido a uma transferência de responsabilidades não resolvidas. Esse cenário pode levar a uma confusão de papéis, onde os filhos se sentem responsáveis pela felicidade e bem-estar dos pais, colocando suas próprias vidas em segundo plano.

Você já se sentiu assim?

Uma aluna da mentoria relatou que sua mãe sempre simulava problemas para que ela tomasse conta e os resolvesse, gerando uma dependência emocional que exigia sua constante presença, impedindo o “corte do cordão umbilical” e atrapalhando seu casamento, que estava à beira do divórcio. Essa trava emocional bloqueava a filha de seguir sua própria vida.

Essa inversão pode impactar negativamente o crescimento pessoal, criando um ciclo de dependência emocional e dificultando a formação de relacionamentos saudáveis.

Exemplos típicos de filhos que saíram de casa, mas não deixaram emocionalmente os pais, permanecendo aprisionados:

Decisões de vida dependentes da aprovação dos pais:

Um mentorado, adulto que já saiu de casa, mas não consegue tomar decisões importantes sem buscar a aprovação dos pais. Até em compras do dia a dia, como roupas, ele sente a necessidade constante de consultar os pais e seguir o que eles acham melhor, temendo desapontá-los.

Culpa e responsabilidade excessiva:

Uma mentorada que, mesmo morando sozinha, se sente excessivamente responsável pelo bem-estar emocional dos pais. Ela passa horas no telefone, sempre disponível para ouvir queixas ou resolver problemas que os pais poderiam resolver por conta própria. A conversa muitas vezes começava com a frase “Filha, o que você acha?” e, a partir daí, as demandas emocionais surgiam.

Sobre mim

Sou o Dr. Hugo Oliveira, Médico, renomado Palestrante, Treinador e Mentor de Carreira e Desenvolvimento Pessoal com mais de 12 anos de experiência abrangendo diversas áreas da saúde, desde atuação como plantonista, liderança de equipe, professor universitário até gestão. Reconhecido e em destaque nas principais mídias, participei como escritor no maior evento literário brasileiro, a Bienal do Livro do RJ em 2023. Com uma sólida referência profissional, tenho contribuído ativamente, colaborando com profissionais em diversos segmentos na área de saúde. Com expertise em orientar carreiras, sou também um empreendedor social, idealizador, presidente e voluntário no Instituto Oliveira, dedicado ao cuidado integral de crianças e jovens com diagnóstico de câncer e suas famílias. Possuo título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, contribuindo para o avanço e desenvolvimento do setor.

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