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O sentimento de impunidade que movimenta os golpes financeiros

Foto: Pixabay

Por: OCP News Jaraguá do Sul

05/03/2024 - 06:03

 

Por Dr. Martha Stern Bianchi
Representando a OAB SC 23ª subseção Jaraguá do Sul

 

Chama a atenção a capacidade e criatividade dos golpistas. Falo isso porque todo dia temos um novo golpe “na praça”. E o que vem causando prejuízos consideráveis são aqueles golpes que envolvem o Poder Judiciário. Explico: você, cidadão de bem, ingressou com uma ação judicial onde tem a expectativa (ou até mesmo já tem o reconhecimento) do seu direito. E este direito envolve o recebimento dos valores.

O golpista consegue os dados da ação, consegue o seu contato telefônico e manda uma mensagem, fazendo-se passar pelo seu advogado. Imagine que grata surpresa receber uma mensagem informando que, finalmente, você irá receber aquele valor decorrente da sua ação judicial. Sem desconfiar de nada e muito feliz com a notícia, você vai seguindo o passo a passo que aquele golpista lhe passa. Tudo tem que ser muito rápido, sem ligações, sem maiores explicações, pois estas informações precisam ser dadas imediatamente.

E, para surpresa de ninguém, para conseguir que o Tribunal de Justiça transfira os seus valores, você tem que fazer um PIX. Claro que você vai fazer, afinal, a pessoa do outro lado da mensagem via WhatsApp sabe tudo sobre a sua ação. Assim, você não desconfia de absolutamente nada, mesmo que o terceiro que irá receber o PIX seja alguém que você nunca ouviu falar. De uma forma ou de outra, afirmo sem medo de errar: não faça, é golpe!

O sentimento de impunidade move diariamente os golpistas. E a necessidade financeira cega a vítima. Estes são os dois pontos da balança que fazem com que milhares de pessoas ainda caiam nesta cilada. Falo em sentimento de impunidade porque é muito difícil identificar e condenar um golpista. E sabendo que a maior probabilidade é que nada irá acontecer, o golpista acaba se “profissionalizando” cada vez mais.

Então, preste muita atenção: nada é tão fácil como parece. E como diz o ditado popular, “não há almoço de graça”. O significado deste ditado é justamente que nada vem fácil. Por mais que sua ação esteja tramitando há muito tempo, o que é comum, o Poder Judiciário não vai exigir um PIX para liberar qualquer quantia. E o seu advogado também não.

Por isso, seja lá a situação que for, desconfie. Ligue, faça contato com o número que você tem cadastrado no seu celular ou vá pessoalmente até o escritório do seu advogado. A foto de perfil qualquer um consegue manipular. Não acredite na foto, não acredite na mensagem, tire a prova real.

Este é apenas um exemplo de golpe que já se tornou corriqueiro. Mas temos inúmeros outros: PIX para terceiros, clonagem de cartão de crédito, pagamento de boletos falsos, uso de dados para empréstimos financeiros, pirâmide financeira, falso sequestro, falso leilão, falso motoboy, suposta invasão de conta bancária e por aí vai.

Como disse lá no comecinho, a criatividade é grande. Então, nós temos que ser mais criativos que eles. Por isso, compartilho aqui algumas dicas simples para você se proteger:

– Utilize autenticação de dois fatores;
– Troque suas senhas regularmente;
– Não forneça dados pessoais, número de contas e cartões para ninguém, muito menos entregue seu cartão para terceiros;
– Não tome decisões por impulso (dinheiro não cai do céu, literalmente);
– Nunca deposite ou transfira valores para contas de desconhecidos;
– Desconfie de ofertas generosas (“Quando a esmola é demais, até o santo desconfia”, lembra?);
– Controle sua ambição (“A ambição cega a razão”);
– Confirme se a pessoa com quem você está conversando realmente é quem ela diz. Como no caso dos golpes envolvendo as ações judiciais, ligue para o seu advogado, vá até o escritório dele e não faça nenhum pagamento sem ter a certeza de ser ele o profissional que você contratou.

Você é o seu maior aliado para não cair em golpes.

 

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Publicação da Rede OCP de Comunicação