Três meses após a tragédia da Vila Freitas, família tenta reconstruir a vida em Guaramirim

O apoio das filhas foram importantes para Luciana se reerguer. | Foto Eduardo Montecino/OCPNEWS

Por: Leonardo Koch

22/05/2019 - 05:05 - Atualizada em: 22/05/2019 - 07:46

Passado três meses do deslizamento de terra que destruiu dez casas na Vila Freitas, em Guaramirim, as lembranças daquela madrugada do dia 18 de fevereiro de 2019 não deixarão tão cedo a memória de Luciana Cristina de Freitas, 39 anos. Mãe de duas meninas, a costureira teve que abandonar a casa em que viveu durante a vida inteira para poder se reerguer.

Depois de tudo que vivenciou, ela encontrou nos seus amores, as filhas Isabeli e Rafaelly, forças para continuar dando exemplo de garra e superação. Esta não foi a única tragédia que a família passou. Em 2014, foi a chuva. Em 2019, a lama. Em cinco anos, dois desastres naturais levaram para sempre o sonho da costureira de ter a chance de chamar o cantinho dela de “meu lar”.

Embora a casa não tenha sido destruída, por precaução, a Defesa Civil optou por interditar a residência da família Freitas. Durante algum tempo, eles receberam apoio da ONG Fome de Amor e nos últimos meses conseguiram alugar uma casa para morar. A residência é pequena, simples, mas com espaço suficiente para superar as dificuldades.

“O lugar aqui é bem tranquilo. Estou aos poucos me acostumando”, relata Luciana.

Foto: Eduardo Montecino/OCPNEWS

Os pais da costureira tentaram convencê-la a ficar na sua antiga casa mesmo interditada, mas o coração de mãe falou mais alto.

“As pequenas dormiam no quarto de trás e se acontecesse alguma coisa elas seriam as primeiras a serem atingidas. Se precisar morar em um abrigo, eu moro. Faço tudo para salvar a vida delas”, comenta.

Confiante de que iria receber o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) após o governo federal reconhecer a situação de emergência do município, a família infelizmente não terá direito ao benefício.

“Meu marido não deu entrada porque desde 2014 a empresa em que ele trabalha não  deposita os direitos dele”, lamenta.

Luciana também não terá direito de receber o FGTS de seus empregos anteriores porque a família precisou retirar o valor durante as enchentes de 2014. Segundo ela, um cunhado  também não conseguiu sacar o dinheiro, pois, a casa dele não possuía número de identificação.

Um passado ainda presente

Convidada pela reportagem, Luciana retornou para o cenário desolador do deslizamento, onde as memórias daquela madrugada rondam a costureira em uma mistura de tristeza e esperança.

“Não dá para acreditar. O vizinho sentava na varanda todos os dias. Agora não tem mais nada”, lamenta apontando para a simples casa de madeira que foi parcialmente soterrada.

A mãe de Luciana, Lúcia de Freitas, olhava desolada para aquele espaço onde um dia a filha e as netas viveram cheias de alegria. Hoje, é o silêncio que predomina. Ela também teve sua casa interditada, mas decidiu ficar. “O barulho foi assustador. Só escutava as pessoas correndo e gritando”, relembra.

A pequena Rafaelly morava ao lado de sua avó Lúcia de Freitas, antes do desastre. | Foto Eduardo Montecino/OCPNEWS

Passado três meses do desastre, a aposentada se diz revoltada com o que chama de descaso do Governo do Estado com os moradores da Vila Freitas.

Cadastramento do FGTS

Segundo o diretor da Defesa Civil do município, Ezequiel de Souza, o cadastro para a retirada do FGTS será realizado até esta quarta-feira (22) . Cerca de 2,5 mil moradores devem receber o benefício.

A Defesa Civil salienta que os moradores que não conseguiram realizar o cadastramento e tiveram problemas poderão tentar novamente em outra oportunidade.

“Esse é um problema que acaba atingindo vários moradores porque existe essa deficiência de numeração no município”, explica Ezequiel.

Segundo ele, a Caixa Econômica  vai liberar uma nova lista com o nome dos moradores que terão direito ao saque. “Eles precisam ter apenas um pouco de paciência porque não foi dado um prazo para a publicação dessa listagem”, alerta.

Segundo informações da prefeitura de Guaramirim, 43 famílias recebem um aluguel-social no momento. A princípio, elas teriam direito ao auxílio durante um período de seis meses.

O município estuda a possibilidade de estender o prazo do benefício, uma vez que ainda não há nenhuma obra em andamento no local atingido que garantisse o retorno dessas famílias para as suas residências.

 

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Leonardo Koch

Repórter de Geral